I SÉRIE — NÚMERO 16
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O Sr. Primeiro-Ministro: — … de acordo com as taxas progressivas aplicadas às remunerações do setor
público, a partir de janeiro de 2011, com o objetivo de obter poupanças de, pelo menos, 445 milhões de euros.
Tal como foi o Partido Socialista que, na versão original do Memorando de Entendimento, disse que ia
obter poupanças no setor da saúde — à custa, portanto, de cortes de despesa nesse setor — de 500 milhões
de euros.
Ó Sr. Deputado, vamos, então, entender-nos: porque é que acusa este Governo de estar a fazer cortes na
saúde, nas pensões e na educação quando o Memorando de Entendimento que os senhores negociaram
apontava para esses cortes?
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Onde é que está a coerência?
Mas, Sr. Deputado, claro que não temos nenhuma dúvida de que estas são medidas restritivas e difíceis.
Sabemos isso, Sr. Deputado! Não fazemos a demagogia de dizer que o Partido Socialista negociou estas
condições pelo prazer de penalizar quer os salários quer as pensões! Sabemos que foi o estado de
necessidade que conduziu a que o Partido Socialista tivesse negociado estas medidas! Mas porque é que o
Partido Socialista, quando passa do Governo para a oposição, acha que o estado de necessidade deixa de
justificar as medidas que têm de ser tomadas, Sr. Deputado? É isto que o País não vê com credibilidade e é
isto que espero que o Sr. Deputado possa corrigir.
Diz o Sr. Deputado, reiteradamente, que a Grécia atingiu o equilíbrio externo. Não é verdade, Sr. Deputado!
Não insista! Não esteja sempre a dizer coisas que não são verdadeiras, porque isso não lhe fica bem. Pode
estar mal informado, por não ter visto corretamente, mas confirme, por favor!
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
É oficial que a Grécia não tem equilíbrio externo, Sr. Deputado! Não tem! Diga o Sr. Deputado o que quiser,
não tem!
O Sr. António José Seguro (PS): — No verão de 2012!
O Sr. Primeiro-Ministro: — A Grécia melhorou o seu perfil externo, reduziu o seu défice externo da
balança corrente. Reduziu, Sr. Deputado, mas ainda é muito negativo. O nosso é positivo, e o Sr. Deputado
critica o Governo por termos um excedente sobre o exterior, quando a Grécia não o tem e continua a acumular
necessidades de financiamento externo!
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Há uma diferença muito grande! Inteire-se devidamente das coisas, Sr. Deputado!
Contudo, não falamos em paraísos. Temos consciência das dificuldades que vivemos. Por essa razão é
que tivemos muito cuidado com as medidas de natureza social.
Disse, e muito bem, o Sr. Deputado Telmo Correia — e com isto respondo também quer à Sr.ª Deputada
Heloísa Apolónia quer à Sr.ª Deputada Mariana Aiveca — que não existe nenhum objetivo ideológico.
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Ah, pois não!…
O Sr. Primeiro-Ministro: — Não, Sr.ª Deputada, não existe nenhum objetivo ideológico. Pretendemos
reduzir a despesa do Estado de modo a dar-lhe sustentabilidade. Queremos fazê-lo de acordo com
parâmetros que sejam razoáveis, e fizemo-lo. De tal maneira, Sr.ª Deputada, que procurámos que a
esmagadora maioria dos pensionistas, fossem do Estado ou não, ficassem a coberto de quaisquer medidas. É
assim, Sr.ª Deputada, mais de 90% ficaram a coberto destas medidas no que toca aos pensionistas.