27 DE NOVEMBRO DE 2013
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E nem sequer o Governo pode dizer que ficámos na mesma, porque isso é uma afronta aos portugueses
que ficaram sem emprego, aos portugueses cujo rendimento não chega ao final do mês, aos portugueses que
tiveram de emigrar e aos portugueses que recorreram e recorrem a familiares e amigos em busca de ajuda.
O mesmo sucede com a dívida pública. O Programa de Ajustamento previa 115 % do PIB no final de 2013.
Lamentavelmente, a dívida pública não para de subir e situa-se perto dos 127% do PIB, ou seja, mais 20 mil
milhões de euros do que o previsto.
Em conclusão, o Governo chumba no teste da realidade e as consequências são sacrifícios sem
resultados, pobreza com mais dívida e horizontes sem esperança.
Aplausos do PS.
Esta política do Governo criou, no ano passado, mais 10% de multimilionários no nosso País, mas a
esmagadora maioria dos portugueses vive pior, está mais pobre e passa por enormes dificuldades.
É este o país que queremos? Um país onde há cada vez mais multimilionários e cada vez mais pobres?
Onde a classe média está a desaparecer? Onde cada vez há mais desempregados sem qualquer apoio
social? Onde o número de inativos atinge um número record? Onde a emigração é a saída para milhares e
milhares de jovens? E onde o número de penhoras sobre as pensões e as reformas não para de aumentar?
Sr. Primeiro-Ministro, este pode ser o seu País, mas não é o País que os portugueses querem e merecem!
Aplausos do PS.
Tal como este pode ser o seu Orçamento, mas este não é o Orçamento que os portugueses querem nem o
que o País precisa.
Sr.ª Presidente, este Orçamento transporta consigo a marca do empobrecimento e da desigualdade social,
razão mais do que suficiente para que o PS vote contra ele.
Mas há mais quatro marcas que não podemos deixar passar em claro: a marca da provocação
constitucional, a marca da farsa dos consensos, a marca do preconceito contra tudo o que é público e a marca
da hipoteca do nosso futuro.
Aplausos do PS.
Vamos por partes.
Este Orçamento ficará conhecido como o Orçamento da provocação constitucional E não se trata apenas
de conter normas de duvidosa constitucionalidade, porque isso já vimos antes. Trata-se, fundamentalmente,
de este Orçamento do Estado estar associado a uma retórica nunca vista na sociedade portuguesa de
tentativa de condicionamento do Tribunal Constitucional.
Aplausos do PS.
Esta clara afronta a um órgão de soberania é ilegítima num Estado de Direito e merece vivo repúdio dos
democratas. Repúdio que aumenta perante as pressões vindas de instituições europeias que devem respeito
ao Estado português. Nunca em Portugal se tinha visto e esperamos nunca voltar a ver um Primeiro-Ministro
assistir sem reação a uma ameaça do Presidente da Comissão Europeia sobre o Tribunal Constitucional do
nosso País.
Aplausos do PS.
Se Portugal não regressar a mercados de modo independente, a responsabilidade nunca poderá ser
endossada a quem cumpre o dever de garantir o respeito pela Constituição. De uma vez por todas, o Governo
que assuma as suas responsabilidades e não se esconda atrás do Tribunal Constitucional.
Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: O debate deste Orçamento fez cair a máscara do consenso. O PS
apresentou 26 propostas de alteração para aliviar os sacrifícios sobre as famílias e as empresas. O Governo