30 DE NOVEMBRO DE 2013
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O Sr. João Oliveira (PCP): — Essa matéria, Sr.ª Presidente, não é nem pode ser uma preocupação de
dois Deputados ou de dois grupos parlamentares, tem que ser uma preocupação da Assembleia da República
e da democracia, porque a polícia não deve servir para reprimir piquetes de greve, nem trabalhadores e muito
menos para impedir os Deputados de exercerem as suas funções.
Aplausos do PCP e do BE.
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — Deputados que estavam a impedir o direito ao trabalho a quem queria
trabalhar!
A Sr.ª Presidente: — Sr. Deputado Pedro Filipe Soares, pedia-lhe que limitasse a interpelação ao
esclarecimento dos factos, para não transformamos esta matéria num longo debate.
Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr.ª Presidente, creio que as intervenções que tivemos por parte da
direita são, mais do que inqualificáveis — eu qualifico-as bastante bem —, vergonhosas para esta Assembleia!
Vergonhosas!
A polícia — e falo com propriedade, porque estive lá — confinou dois Deputados (e, repito, este é o fato:
confinou dois Deputados), um conjunto de trabalhadores e um conjunto de dirigentes sindicais à lateral de uma
estrada. Os Deputados, depois de se terem identificado, continuaram confinados.
Protestos do PSD e do CDS-PP.
Pode doer muito à direita, mas a verdade é esta.
E, Sr.ª Presidente, neste caso só se pode tomar uma decisão, e foi exatamente isso que solicitei quando
interpelei a Mesa. Não pretendo — acho que não é esse o caminho — ter um debate político aqui sobre esta
matéria, mas, sim, sobre o que este órgão de soberania deve fazer para ser respeitado e sobre qual é o
entendimento da Sr.ª Presidente relativamente à livre circulação dos Deputados.
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — O entendimento que os senhores têm é que os Deputados podem circular
no meio da rua e parar o trânsito?!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Os Deputados não podem estar confinados, como aconteceu ontem.
Isso aconteceu e foi devido à ação das forças policiais.
Por isso, o que dissemos à Sr.ª Presidente, e mantemos, é que nos parece legítimo que a Sr.ª Presidente
exija do Ministro da Administração Interna uma explicação, por ter confinado dois Deputados à lateral de uma
estrada, restringindo a sua liberdade.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Inscreveu-se, de novo, o Sr. Deputado Nuno Magalhães.
Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP) — Sr.ª Presidente, sem qualquer tipo de adjetivação, qualificativos e
nervosismo, queria apenas esclarecer a Sr.ª Presidente — e, já agora, contribuir para o debate — que é nosso
entendimento que o exercício das funções de Deputado não implica a violação da lei e da Constituição.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Não precisa disso! Mas quem é que violou a lei?!
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP) — É nosso entendimento, Sr.ª Presidente, que os Deputados, tendo em
atenção a natureza das suas funções, têm alguns privilégios em relação aos demais portugueses,…