I SÉRIE — NÚMERO 24
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E o que temos agora? Agora, independentemente da avaliação nas escolas, os professores têm de pagar
20 € para serem submetidos a uma prova que em nada acrescenta ao sistema educativo.
Sr.as
e Srs. Deputados, quero, portanto, dizer-vos que consideramos que estamos perante uma inutilidade.
Só que essa inutilidade não era só para os 25 000 professores que foram dispensados pelo acordo elaborado
com algumas estruturas sindicais. A inutilidade é para todos os professores e também é para todos aqueles
que têm cinco anos de serviço. Qual é a diferença entre 6, 10 ou 4 anos de serviço? Nenhuma, Sr. Secretário
de Estado. O que se passa é que o Ministro da Educação e Ciência está a tropeçar nas suas armadilhas, está
a tropeçar em si próprio e, com esta prova, em nada vai ganhar o sistema educativo português.
Sr.ª e Sr. Secretários de Estado, Sr.as
e Srs. Deputados do PSD, termino desafiando-vos a que tenham um
assomo de bom senso e que deem à palavra «irrevogável» a mesma interpretação que lhe deu o Vice-
Primeiro-Ministro: acabem com esta prova inútil e injusta também para os professores com menos de cinco
anos de serviço, seguindo, aliás, as recomendações do Sr. Provedor de Justiça.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Amadeu
Albergaria.
O Sr. Amadeu Soares Albergaria (PSD): — Sr.ª Presidente, Srs. Secretários de Estado, Srs. Deputados:
Discutem-se hoje, neste Parlamento, três iniciativas — uma apreciação parlamentar e duas petições que têm
um objetivo comum, que é o da revogação da prova de avaliação de conhecimentos e capacidades.
Este é um tema que tem suscitado um longo e amplo debate entre os partidos políticos e os agentes
educativos e que tem preocupado, de uma forma especial e compreensível, todos os docentes.
Esta prova foi introduzida pelo Governo do Partido Socialista,…
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Bem lembrado!
O Sr. Amadeu Soares Albergaria (PSD): — … que agora está contra a prova, mas que nunca chegou a
ser realizada.
O PSD nunca foi contra esta prova e o Programa do XIX Governo Constitucional prevê a necessidade de
uma seleção inicial de professores que permita integrar no sistema educativo aqueles que estão melhor
preparados e vocacionados para o ensino, designadamente através da realização de uma prova.
Sobre a matéria em causa não podemos deixar de referir o compromisso que esta semana foi alcançado
entre o Governo e os sindicatos da UGT.
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Muito bem!
O Sr. Amadeu Soares Albergaria (PSD): — Como é público, a UGT solicitou ao Ministério da Educação e
Ciência uma reunião onde expôs as suas preocupações sobre a prova de avaliação de conhecimentos e
capacidades, designadamente a circunstância de professores com muitos anos de serviço terem também de
realizar a prova.
O Ministério, após esta reunião, consultou o Sr. Presidente do Conselho de Escolas e o Sr. Presidente do
Conselho Nacional de Educação e, segundo palavras do próprio Ministro da Educação e Ciência, levou ainda
em conta o pedido de ponderação do Sr. Provedor de Justiça, que destacava a hipótese de serem
dispensados da prova professores experientes.
Tudo considerado e ponderado, o Governo e a UGT chegaram a um entendimento, em que se mantém a
realização da prova mas se alteram os seus requisitos, dispensando todos os professores que tenham cinco
ou mais anos de serviço.
Sr.ª Presidente, o Grupo Parlamentar do PSD saúda este entendimento, um entendimento que significa
uma abertura ao diálogo e uma capacidade de fazer cedências. Já ontem tivemos oportunidade de o dizer
neste Plenário e parece-nos importante repeti-lo hoje: foi feito um caminho sério, construtivo e responsável,