5 DE DEZEMBRO DE 2013
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porque os senhores, com as vossas prioridades e bondades da treta, o que dizem é que a cultura, o apoio à
arte tem de ser cortado, quando, em PPP, pagam o equivalente a um século de apoio às artes. Se juntarmos,
este ano, PPP mais swaps, vão dois séculos de apoio às artes e, sim, o vosso discurso sobre a cultura é uma
treta, a vossa política não, é uma política assassina!
Aplausos do BE.
Protestos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra, Sr. Deputado Miguel Tiago.
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Confesso alguma dificuldade em responder
ao vazio das intervenções dos partidos que sustentam o Governo que liquida a cultura em Portugal, mas esse
vazio talvez revele a ausência de disponibilidade para fazer um debate sério sobre a política cultural em
Portugal ou, até mesmo, o que me custa a crer, um desconhecimento total sobre aquilo de que estamos aqui a
falar.
Este rumo é o rumo da destruição da cultura e, Srs. Deputados, é bom que tenhamos consciência de que a
destruição da cultura implica, em primeiro lugar, o encerramento ou a redução da programação das
companhias e a redução do seu pessoal, prejudicando os trabalhadores da cultura, que dedicaram décadas da
sua vida e todo o seu esforço diário a produzir cultura para que o povo português pudesse ter acesso às suas
produções. Os segundos prejudicados somos todos nós, que deixamos de ter acesso à produção cultural, por
força das políticas deste Governo, em frontal contradição com a Constituição da República Portuguesa e o
direito à cultura.
Sr.ª Deputada Inês Teotónio Pereira, como ainda dispõe de tempo — já a Sr.ª Deputada do PSD não tem
—, aproveite o tempo de que dispõe para garantir aqui ou para que o CDS dê aqui garantias de que os
concursos anuais e pontuais de 2014 vão ser realizados e vão assegurar as necessidades das companhias. É
que até isso o Sr. Secretário de Estado não foi capaz de assumir na discussão do Orçamento do Estado, mas
este é um risco que hoje impende sobre as estruturas de criação artística.
Srs. Deputados, só naquela operação que aqui nos mostraram como uma grande conquista sacrificaram
mais de uma centena de milhões de euros, o que dava para pagar qualquer coisa como 10 anos de apoio às
artes em Portugal.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Pode concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — É daí que vem o «altar» da troica, Sr.ª Deputada, e peço desculpa se ofendi
a sua religião.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa
Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: A propósito da intervenção da
Sr.ª Deputada Inês de Medeiros, gostava só de clarificar aqui uma questão relativamente à proposta de Os
Verdes. É que a proposta que Os Verdes fazem é de recomendação ao Governo para que garanta que a
DGArtes (Direção-Geral das Artes) disponha de recursos financeiros que permitam salvaguardar e dignificar a
cultura em Portugal. Ou seja, aquilo a que apelamos é ao aumento do apoio às artes, que teve um corte
hipersubstancial, e exemplificamos com projetos como o FITEI, para que não fiquem desarmados de apoio
público, isto é, apelamos a que projetos com esta substancial importância no País não fiquem sem apoio
público. Por isso, não estamos aqui a querer atribuir nada diretamente a um determinado projeto, estamos a
pegar na relevância do projeto e a exemplificar que projetos com esta relevância não devem ficar sem apoio.