I SÉRIE — NÚMERO 24
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Devo aqui recordar que a sua existência ou a realização do Festival não depende exclusivamente de
apoios estatais. Vejamos que, em 2012, o montante solicitado à DGArtes apresentou apenas 41% das receitas
totais previstas.
Devo ainda dizer que, no cumprimento das suas obrigações e no cumprimento do apoio às artes, a política
seguida pela Secretaria de Estado foi a de abertura de um concurso de acesso democrático e universal.
O procedimento concursal para o programa, cujas atividades decorrerão entre 2013 e 2016, abriu em 19 de
novembro de 2012, como bem sabem, tendo o FITEI apresentado uma candidatura a quatros anos,
candidatura, esta, que foi considerada inelegível pela Comissão de Apreciação, sobre a qual nem a DGArtes
nem a Secretaria de Estado têm qualquer influência. E sobre isto ainda não ouvi aqui falar, hoje.
Quanto aos reparos apontados à candidatura, são vários. Desde logo, a falta de caracterização da
programação proposta à imprecisão da previsão orçamental.
Por este motivo, e não tendo sido apresentados pelo FITEI argumentos válidos e aceitáveis para reverter a
não elegibilidade da candidatura, a Comissão de Apreciação manteve a decisão tomada. E manteve-a,
tomando por base a dificuldade de o FITEI justificar devidamente o mérito do seu projeto artístico para os
próximos quatro anos.
Para 2014, Sr.as
e Srs. Deputados, o Secretário de Estado da Cultura garantiu, como sabem, a abertura de
novos concursos de apoio às artes, o que, estamos certos, irá acontecer. É um compromisso público!
Para terminar, quanto ao projeto de resolução do Partido Comunista Português, gostaria de dizer,
simplesmente, que, a partir do momento que é referido que o Governo não desiste de levar a cabo uma infame
campanha contra o serviço público de arte e cultura (e cito), «sacrificando a cultura no altar da troica, a bem
dos especuladores que dão pelo nome de mercados», bom, a partir deste momento, Sr.as
e Srs. Deputados,
os signatários não nos convencem de que estão do lado da solução,…
Aplausos do PSD.
… antes, procuram, isso, sim, acalentar o problema.
Para isso, não contem connosco. Não contem com o PSD para esta encenação.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. João Oliveira (PCP): — O problema é o Governo, não são os senhores!
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Inês Teotónio
Pereira.
A Sr.ª Inês Teotónio Pereira (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: No setor cultural, o apoio às
artes é uma das responsabilidades do Governo e, como todos sabem, da Direção-Geral das Artes. Esse apoio
implica, necessária e essencialmente, a transferência de verbas através da realização de concursos.
No caso concreto do FITEI, que motiva a apreciação das iniciativas legislativas em discussão, existiu uma
candidatura e um apoio financeiro por um período de quatro anos. E a história é esta: em abril deste ano, essa
candidatura obteve uma resposta provisória, que foi negativa. Os motivos foram, na altura, explicitados e
publicados em documentos disponíveis no site da DGArtes.
De acordo com o júri que avaliou essa candidatura, entre outros aspetos, o FITEI não clarificou ou justificou
as verbas apresentadas, algumas delas de valores bastante elevados. O FITEI incluiu avultadas verbas
referentes a viagens, alojamentos e cachets de entidades participantes no Festival, sem explicar a sua
necessidade. Em ambos os casos, são problemas, a nosso ver, absolutamente pertinentes, quando estamos a
falar de dinheiros públicos da ordem de mais de 1,2 milhões de euros.
Ora, o FITEI teve oportunidade de rever a sua candidatura e melhorá-la, a partir dos comentários do júri.
No entanto, como foi tornado público, em junho deste ano, essa melhoria não foi o suficiente para a
candidatura ser aprovada.
Neste caso, não está em causa a nossa opinião acerca do FITEI, que, de resto, é positiva. Também não
estão em causa os méritos passados do Festival, que reconhecemos sem qualquer hesitação. O que está em