7 DE DEZEMBRO DE 2013
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A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Saúdo especialmente a CGTP, promotora
desta grande petição, entregue exatamente neste Parlamento a 2 de abril de 2013, aniversário da Constituição
da República Portuguesa e, portanto, teve essa carga simbólica, como também há uma outra coincidência de
datas que não é despicienda, ou seja, a audição dos peticionários em comissão, exatamente no dia 8 de maio,
Dia da Segurança Social.
Esta petição, que tem o mérito de ser subscrita presencialmente por mais de 83 000 pessoas, tem um
significado grande na atualidade.
O Estado social em Portugal decorre do 25 de Abril, bem mais tarde do que a construção dos Estados de
bem-estar na Europa que, como sabemos, começou a acontecer no pós-Guerra. O que significa que o Estado
social em Portugal é ainda débil e, por isso, necessitava de um grande aprofundamento e melhor qualidade de
serviços, para assim se respeitar a Constituição de Abril.
Ao invés disso, Portugal, adotando a consigna de «menos Estado, melhor Estado», ainda o Estado social
era uma criança e já se iniciava o espatifar desse mesmo Estado social. E aqui chegados, o que temos são
menos e cada vez menos serviços públicos de qualidade.
Durante esta manhã, já falámos do encerramento de hospitais, do encerramento de serviços públicos. Não
obstante estes encerramentos, onde o Governo atual mete a mão é exatamente para espatifar o Estado social,
não só nos serviços, como também nos seus atores e nos seus principais construtores que, desde Abril de
1974 — e falo exatamente dos trabalhadores dos serviços públicos —, têm tão bem sabido construir um
Estado que pretendia representar a igualdade entre os cidadãos e as cidadãs.
Aqui chegados, o que temos é um Governo que quer diminuir, cada vez mais, o Estado social, cortando a
direito nos direitos da segurança social, cortando a direito nos serviços públicos de qualidade, encerrando
hospitais, encerrando tribunais, fazendo um ataque sem precedentes à escola pública, dizendo sempre que há
melhor Estado com menos Estado.
Nós, aqui, nesta bancada, achamos que o Estado deve assumir a plenitude consagrada na Constituição de
Abril, na Constituição da República, assumir as suas responsabilidades de proporcionar aos cidadãos e
cidadãs uma melhor vida, porque o Estado tem de ser o garante da liberdade, tem de ser o garante do bem-
estar, tem de ser o garante de uma melhor vida para todos os cidadãos e cidadãs. E é contra esta consigna
que aqui hoje também nos manifestamos, subscrevendo e estando ao lado, sempre e sempre, daqueles e
daquelas que em cada momento, nas ruas, nos seus locais, com o seu empenho, com as suas organizações,
com as forças vivas de cada localidade defendem o Estado social e os serviços públicos de qualidade.
A Sr.ª Presidente: — Queira terminar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — É este o compromisso que aqui hoje deixamos e que, muitas vezes, se
transforma em propostas concretas desta bancada. Assim continuaremos.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Por Os Verdes, tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado José Luís
Ferreira.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Gostaria, em primeiro lugar, de
saudar, em nome do Grupo Parlamentar «Os Verdes», os cerca de 90 000 peticionantes, disse bem, cerca de
90 000 subscritores, que se dirigem a esta Assembleia com o propósito muito claro de convocar para
discussão a necessidade de proceder à defesa das funções sociais do Estado, consagradas na Constituição
da República Portuguesa. São 90 000 cidadãos a exigir respeito. Respeito pela Lei Fundamental do País, à
qual, tanto a maioria PSD/CDS, como o Governo, estão também sujeitos.
Diz-se, e com razão, que se queremos ser respeitados, teremos de respeitar. E nós, que exigimos hoje,
com muita frequência, respeito àqueles que nas galerias assistem aos trabalhos, também temos de os
respeitar. E respeitá-los é respeitar, desde logo, a Constituição da República Portuguesa, porque, se assim
não for, então perdemos a legitimidade e toda a autoridade moral para exigir respeito a quem assiste aos
trabalhos.