I SÉRIE — NÚMERO 27
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Vou dar-lhe outro dado, que saiu ainda hoje: a movimentação de cargas nos portos portugueses aumentou
15%.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — O que é que isto significa? Significa que há uma parte do País que está
a esforçar-se e a procurar oportunidades, cá dentro e lá fora. É por isso que falamos tanto em consenso e por
isso falamos, com alguma serenidade, nestes dados: sabe qual é o valor mais importante para proteger esses
sinais? Confiança.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — É verdade!
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — É exatamente a confiança, não só nos governantes, não só nas
oposições,…
Protestos do PCP.
… não só nas medidas, que podem, claramente, transformar esses pequenos sinais em sinais sérios e
permanentes e que podem, obviamente, conduzir-nos, no fim deste processo de ajustamento, ao crescimento,
apesar do sacrifício e apesar das dificuldades.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
A Sr. Presidente (Teresa Caeiro): — Fica, assim, concluída a declaração política do CDS-PP.
Vamos prosseguir com a declaração política do PCP.
Tem a palavra o Sr. Deputado Paulo Sá.
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: O PCP realizou, na semana passada, as suas
Jornadas Parlamentares no Algarve, uma região que é o retrato de um País arruinado pelas políticas de
direita, agravadas agora com a aplicação do pacto de agressão da troica.
Enquanto se reduzem os salários, se roubam as reformas e pensões, se esmagam os trabalhadores com
impostos, se reduzem prestações sociais, se liquidam os direitos à saúde e à educação, se atacam os serviços
públicos, a banca e os grandes grupos económicos vão-se apropriando de parcelas crescentes da riqueza
nacional, seja através dos juros da dívida pública, das parcerias público-privadas, das privatizações, dos
contratos swaps especulativos ou dos inúmeros benefícios fiscais.
Ao fim de dois anos e meio de aplicação do pacto de agressão, assinado pelas troicas interna e externa, é
inquestionável que o País está mais pobre, que se agravaram as desigualdades e as injustiças sociais e que
as condições de vida da esmagadora maioria dos portugueses se degradaram significativamente.
O Algarve é bem o retrato de um país vítima da política da troica: níveis de desemprego elevadíssimos,
especialmente entre as camadas mais jovens; precariedade laboral e salários em atraso; alastramento de
manchas de pobreza; abandono das atividades produtivas na indústria, na agricultura e nas pescas;
encerramento e falências de inúmeras micro e pequenas empresas; degradação dos cuidados de saúde e da
escola pública; encerramento de serviços públicos; aprofundamento das assimetrias entre o litoral e o interior;
intensificação do processo de desertificação e despovoamento das regiões serranas.
Com estas políticas, o Algarve vê as suas potencialidades desaproveitadas e a sua população a
empobrecer de forma acelerada.
Vozes do PCP: — Muito bem!
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Nas suas Jornadas Parlamentares, o PCP privilegiou, como é sua prática, o
contacto direto com a realidade. Construímos um programa abrangente que respondeu às necessidades da
região e das populações.