O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

I SÉRIE — NÚMERO 27

22

O País este ano produzirá menos riqueza do que a que produziu no ano passado e no ano passado já

havia produzido menos riqueza do que no ano anterior, e por aí fora.

Na verdade, estamos hoje confrontados com uma situação que é apenas igualável à que se viveu há 12

anos. Significa isto que, em pouco mais de dois anos, com a aplicação do pacto da troica — esse verdadeiro

pacto de agressão sobre os portugueses! —, o País recuou mais de 12 anos em termos dos seus indicadores

económicos, no bem-estar das populações e nas suas condições de vida.

Hoje, ficámos a saber — aliás, já tínhamos sabido ontem — que não só o emprego total em diversos

setores da economia cai, como as remunerações caem, e tudo isso é o resultado concreto das políticas que

este Governo aplica.

O Sr. Deputado Hélder Amaral pode tentar disfarçar com o abrandamento da recessão que, de facto, se

tem vindo a verificar, porque a partir de um certo momento não é possível que a recessão mantenha o mesmo

grau de intensidade, como muito bem sabe — aliás, eventualmente, até baterá no fundo, o que não é

necessariamente bom, tendo em conta que o ponto de partida é sempre muito inferior àquele que poderia ter

sido caso tivéssemos evitado a aplicação do pacto da troica, em 2011.

O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!

O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Portanto, Sr. Deputado, a eventual retoma de que falam não só não

representa a melhoria das condições de vida da população, porque se o «bolo» vier a crescer e se a fatia do

«bolo» que fica para os trabalhadores continuar a diminuir como tem vindo a acontecer… Aliás, para encontrar

um nível tão desigual de distribuição de rendimentos na história do nosso País é preciso recuar a 1995. Se vier

a ser verdade que a estagnação ou o eventual crescimento se verificar, isso significa, nada mais, nada menos,

que há uma fatia pequena de portugueses ou de grupos económicos que se apropria cada vez mais de uma

maior fatia dos rendimentos em Portugal!

Termino, Sr. Deputado Hélder Amaral, com uma pergunta sobre o que considerou ser muito positivo:

amanhã, a troica virá novamente ao Parlamento. Aproveito para relembrar que essa troica que faz as

avaliações positivas, essa troica que foi apresentada por muitos como os que viriam salvar o nosso País da

situação em que se encontra… Aliás, lembro-me bem que, antes de a troica chegar, os próprios governantes

atuais…

O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Quais?! Quais?!

O Sr. Miguel Tiago (PCP): — … não diziam que iam cortar subsídios, não diziam que iam cortar nos

subsídios de Natal e de férias; diziam, mesmo, que era possível resolver todos os problemas do País sem

despedir um único funcionário público.

A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!

O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Isso não é connosco!

O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Eram as conversas do PSD apoiadas pelo CDS, mas, na altura, ninguém

dizia o que aí vinha, a não ser precisamente o PCP. E, infelizmente, veio a comprovar-se a nossa tese!

Sr. Deputado, o que lhe pergunto é muito simples:…

A Sr.ª Presidente: — Queira terminar, Sr. Deputado

O Sr. Miguel Tiago (PCP): — … se é tão positivo e se é tão bom ter essas avaliações positivas, quais são

os critérios que determinam a avaliação positiva? Só pode ser uma avaliação positiva se os resultados

esperados fossem estes, e isto denuncia muito quais são os vossos verdadeiros objetivos.

Aplausos do PCP.