I SÉRIE — NÚMERO 27
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O nosso desafio deveria ser sempre o de conseguirmos conjugar medidas de curto prazo com medidas de
médio e longo prazo, ponderarmos o impacto de cada medida. Isso o Governo não fez e, pelo que a maioria
hoje transmitiu, continuará a não fazer. Está profundamente errado nisso e o preço será pago por todos nós,
será pago pelos portugueses.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Para proferir a próxima declaração política, tem a palavra o Sr. Deputado Hélder
Amaral.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: É no contexto de uma das
maiores crises económico-financeiras de que há memória que o atual Governo começou a desempenhar
funções, tendo-lhe sido atribuída a difícil tarefa de resolver os graves problemas acumulados durante anos.
Isto é algo indesmentível.
Olhando para um passado relativamente recente, observam-se sucessivos e elevados défices, como os de
2009 e de 2010, que contribuíram para um crescimento muito significativo da nossa dívida pública.
Apesar do elevado ritmo de endividamento dos últimos anos, a economia portuguesa praticamente não
cresceu. Ao mesmo tempo, a República Portuguesa foi perdendo a confiança dos investidores, até que,
finalmente, os mercados acabaram por nos fechar as portas.
Com efeito, em abril de 2011, o então Governo do Partido Socialista foi obrigado a pedir ajuda externa,
tendo o nosso País herdado um exigente Programa de ajuda externa e um elevado empréstimo no valor de 78
000 milhões de euros.
Mas importa falarmos do presente, e este demonstra-nos a seguinte realidade: o Governo tem cumprido a
difícil tarefa que herdou do anterior Executivo. A provar isso, houve nove avaliações positivas ao Programa da
troica.
Não negamos que a aplicação deste Programa que o País herdou tivesse implicado enormes sacrifícios no
curto-prazo para as famílias e para as empresas, o que levou a que alguns afirmassem que o País estava
numa espiral recessiva e que não havia melhoria nas contas públicas.
Contudo, felizmente, a realidade matou a expressão «espiral recessiva»!
Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, o cenário macroeconómico começou a melhorar, num contexto em
que o País apresenta finalmente contas públicas mais sustentáveis.
Começando pelas contas públicas, gostaria de salientar que o saldo primário estrutural, isto é, o saldo
orçamental sem o serviço da dívida, sem o impacto das medidas extraordinárias e ajustado à evolução do ciclo
económico, melhorou muito significativamente, passando, em 2010, de -6% para +0,2%, segundo dados
oficiais.
A propósito da evolução deste indicador, permitam-me citar o Governador do Banco de Portugal, que disse:
«É um grande ajustamento».
Já mais recentemente, ficámos a saber, de acordo com o último boletim estatístico do Banco de Portugal,
que também a própria dívida pública diminuiu no segundo trimestre deste ano, o que significou uma
diminuição, pela primeira vez, desde 2011.
Quanto ao défice orçamental para este ano, todas as previsões indicam que consigamos atingir a meta de
5,5%, o que significará um défice muito mais reduzido do que aquele que se registou antes da troica, ou seja
quase 10% em 2010!
Mas muitos afirmavam, até há bem pouco tempo, que nada disto interessava e diziam: «Para quê contas
públicas mais equilibradas, se a economia contrai, se o emprego é destruído e se as empresas continuam a
desaparecer?»
Neste ponto, a realidade também demonstrou o contrário. Permitam-me que seja mais exaustivo e que
avance com 10 factos positivos — vamos lá ver se nos entendemos quanto aos tais factos.
Primeiro: a economia portuguesa, no segundo trimestre, foi a que mais cresceu (+1,1%) em toda a União
Europeia, após 10 trimestres de recuo. Já no terceiro trimestre deste ano voltou novamente a crescer (+0,2%).
Com contas públicas mais equilibradas, Portugal saiu da recessão técnica; refiro-me aos dados do 1NE e do
Eurostat.