I SÉRIE — NÚMERO 27
16
os classificam — o grande sinal da viragem que já está completa e definitivamente alcançada, Sr. Deputado
Adão e Silva, isso só tem um nome e esse nome é: irresponsabilidade!
Aplausos do PS.
O PS não tem qualquer problema em reconhecer indicadores ou dados menos positivos. Mas o Sr.
Deputado reconhece ou não que há 1,1 milhões de pessoas com mais de 45 anos e menos de 65 anos que
estão fora do mercado de trabalho? E o que diz sobre isso, Sr. Deputado? Não refutou este meu número!
O que me diz, Sr. Deputado, quando os níveis de emprego são níveis que nos fazem recuar a 1995?! O
que é que diz, Sr. Deputado? Também não refutou este número! O Sr. Deputado não diz nada!
E como é que enquadra este número nessa estratégia de desenvolvimento e crescimento económico tão
bem sucedidos do Governo quando, em dois anos, 200 000 pessoas emigraram, Sr. Deputado? A geração
mais qualificada de sempre saiu do País. Famílias inteiras saem do País!
Mas o Sr. Deputado é capaz de vir dizer que a minha intervenção é «tremendista»! Não, Sr. Deputado, não
é uma intervenção «tremendista». Se ler o relatório do Banco de Portugal — e não vou querer cometer
consigo a falta de gentileza de dizer que não deve ter lido —, constatará que é o primeiro a deixar claro que há
riscos sérios e consideráveis à consolidação destes resultados.
Sabe qual é um dos dados que o Banco de Portugal aponta de forma muito clara? É o de que a ligeiríssima
recuperação económica está associada à diminuição da austeridade.
O Sr. João Galamba (PS): — Claro!
A Sr.ª Sónia Fertuzinhos (PS): — Portanto, um dos riscos mais sérios à consolidação destas melhorias
em 2014 é o risco da austeridade e da consolidação orçamental, tal como o Governo as tem feito.
Mas digo-lhe mais: o Sr. Deputado não pode ignorar nem acusar de serem tremendistas aqueles que
recordam que, em todos os indicadores económicos e sociais, estamos pior do que era expectável no
Memorando inicial.
Portanto, Sr. Deputado, não se trata de desespero, trata-se de realismo.
O Sr. João Galamba (PS): — Muito bem!
A Sr.ª Sónia Fertuzinhos (PS): — Sr.ª Deputada Cecília Honório, colocou uma questão muito importante,
que é a da fuga da geração mais qualificada de sempre, associada à redução séria dos salários. De facto,
vemos o Governo e alguns muito interessados na redução dos impostos sobre as grandes empresas, mas não
vemos igual preocupação na criação de medidas que possam estancar a saída destes recursos que tanta falta
nos fazem e em quem tanto o País investiu.
Recordo apenas — refutando, obviamente — as declarações do Sr. Secretário de Estado do Emprego,
quando confrontado com esta discussão no Orçamento do Estado, que se virou para os Deputados e teve esta
afirmação extraordinária: «A ida dos jovens para fora do País só tem que ver com a mobilidade europeia, o
que é um dado muito positivo, sendo nós parte da União Europeia e do projeto europeu».
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado João Pinho de Almeida.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Sónia Fertuzinhos, na
intervenção que fez, a Sr.ª Deputada usou expressões como «dados que correram menos negativamente do
que o esperado» e «ligeiras melhorias no último semestre».
É de registar que uma intervenção do Partido Socialista, nesta altura, ainda que timidamente, tenha este
tipo de expressões, quando há um ano o que previa para este mesmo momento era uma espiral recessiva
imparável e uma evolução do desemprego tão desesperante que atingisse níveis próximos dos 20%.