I SÉRIE — NÚMERO 31
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reage àquela que é a ida gloriosa, orgulhosa e voluntária para além da troica. Só que essa ida para além da
troica, de que os senhores tanto se gabaram e tanto se gabam, trouxe imensos e graves prejuízos aos
portugueses. E a forma como os senhores cobram os vossos erros aos portugueses, Sr. Ministro, é uma forma
indecorosa e, na nossa opinião, não é razoável relativamente àqueles que são os sacrifícios que os
portugueses fazem todos os dias.
Mas, Sr. Ministro, os senhores ainda fogem ao debate. Sr. Ministro, das várias escolas públicas que ficaram
esvaziadas com contratos de associação, quantas vão ser destruídas?
Sr. Ministro, houve freguesias que os senhores extinguiram ou agregaram em que deixaram imensas
aberrações — quando vão corrigi-las?
Sr. Ministro, quanto aos tribunais, quais são afinal os critérios que servem nuns concelhos mas não servem
noutros?
Sr. Ministro, em relação aos serviços de finanças a extinguir, há casos que são absolutamente inenarráveis
— só no distrito de Vila Real, 10 dos 14 concelhos vão ficar sem serviços de finanças. Afinal, em que ficamos,
Sr. Ministro? Quantos vão fechar em todo o País?
Há serviços da segurança social que só comunicam o encerramento na véspera, por escrito, aos autarcas.
Verifica-se o esvaziamento dos serviços da agricultura, como aquilo que os senhores estão a fazer ao polo
de Santarém do INIAV (Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária), que é uma referência na
investigação em produção animal, no nosso País.
Afinal, Sr. Ministro, como é que os senhores continuam a maltratar tanto os cidadãos do nosso País?!
Sr. Ministro, as suas palavras são inequívocas: cidadãos no centro das políticas públicas; Governo
profundamente empenhado na governação de proximidade; multiplicação de pontos de atendimento; programa
Aproximar; lógica de proximidade.
Mas, Sr. Ministro, esta não é a realidade do nosso País. Este Governo vai matando as políticas de
proximidade, maltrata o interior, apouca os portugueses e esconde as suas decisões, dos autarcas e dos
portugueses, porque aos autarcas nem sequer «passa cartão», não respondendo às suas solicitações de
procura de soluções para aquela que é a melhor gestão dos seus territórios.
Sr. Ministro, o País real é bem diferente daquele de que o senhor fala. Nas zonas que os senhores querem
continuar a castigar, não há redes estruturadas de transportes, a população está envelhecida, não tem cartão
Multibanco, não consegue consultar um terminal informático e vê a privacidade grosseiramente violada,
quando tem de ir à mercearia porque fecharam o posto de correios, quando tem de ir à mercearia levantar o
vale da reforma ou quando tem de ir buscar uma notificação do tribunal. Mas isso não interessa aos senhores.
E por muito que os senhores queiram marcar a vossa agenda, mudando o tema que aqui vos é proposto,
essa, Sr. Ministro, não é a nossa opção.
O que o Governo veio aqui hoje fazer foi lamentável e indecoroso. E os senhores ainda se riram, de forma
despudorada, quando os Deputados aqui falaram de reais problemas dos portugueses, o que vai sendo um
hábito, Sr. Ministro e Srs. Membros do Governo, e o que também é lamentável e indecoroso.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Queira concluir, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Idália Salvador Serrão (PS): — Vou concluir, Sr. Presidente.
Mas os senhores não julguem que fogem à discussão, porque os portugueses irão julgar-vos e porque o
Partido Socialista não vos vai deixar ficar em falta.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Helena Pinto.
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo: Estamos a chegar ao fim do
debate e, infelizmente, há poucas perguntas cujas respostas foram adequadas.
Perguntou aqui o Sr. Deputado Adão Silva, com um ar um pouco espantado: «Há sustentabilidade para as
funções sociais do Estado? Bom, teremos de ver isto».