I SÉRIE — NÚMERO 32
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Mas, relativamente ao atual Governo, deixe-me dizer-lhe que, neste momento, já se sabe, exatamente,
qual é o valor da dívida, que é de 160 milhões de euros e, desses 160 milhões, cerca de 30 milhões são de
dívida a privados, ou seja, há uma dívida ao Estado de cerca de 130 milhões de euros e há já um grupo de
trabalho interministerial, que contratualizou com uma equipa a avaliação do património do vinho e do
património imobiliário da Casa do Douro para se poder chegar ao valor exato da avaliação dos seus bens de
molde a que os mesmos possam servir para pagar a dívida e também para resolver o problema dos
trabalhadores.
Já há, neste momento, um pré-acordo, ou pelo menos um acompanhamento total da direção da Casa do
Douro, no que respeita quer à forma quer à decisão que hão de ser tomadas institucionalmente para a Casa
do Douro e para prestar apoio aos pequenos viticultores.
Portanto, está praticamente concluído o trabalho — trabalho que já deveria ter sido feito há muito tempo, é
verdade —, mas o problema não deveria ter chegado aos dias de hoje, ao atual Governo.
Sr. Deputado Luís Fazenda, da parte do Governo e dos partidos que o apoiam as recomendações são
bem-vindas, nomeadamente a que consta do ponto n.º 1 é com certeza muito bem-vinda e está praticamente
concluída. Mas, evidentemente, já não poderemos acompanhar a recomendação de ser o Governo a pagar os
salários de uma instituição que não é do Estado, porque os trabalhadores do Estado que estão na Casa do
Douro têm os seus salários em dia. O pagamento desses salários passa, efetivamente, por resolver o
problema da Casa do Douro na globalidade, incluindo o das suas dívidas.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem a palavra, para uma segunda intervenção, o Sr. Deputado Luís
Fazenda.
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Sr. Presidente, Sr.as
Deputadas, Srs. Deputados: Há seis meses, o Bloco de
Esquerda requereu a presença do Sr. Secretário de Estado para detalhar o plano de ação e isso foi feito. O
problema é que passaram seis meses e a opacidade do processo é completa.
O Sr. Deputado Abel Baptista garante que há um acompanhamento da direção da Casa do Douro ou até
um pré-acordo. Não me parece ser esse o eco que nos chega da Régua, em todo o caso veremos como
enfrentar o problema.
Sr.as
e Srs. Deputados, a questão não é que o Governo esteja a superar as sugestões que aqui
apresentamos, porque o grupo de trabalho é composto pelo Governo, nos seus mais variados departamentos,
e pelo Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP).
O IVDP é parte de um conflito anterior, portanto, não é entidade independente para a avaliação do stock de
vinhos que se pretende aqui. Logo, o que se pronuncia é a continuidade de uma conflitualidade que urge
pacificar e ultrapassar! Por isso, o PSD e o CDS e o próprio Governo não estão a avançar mais do que aquilo
que o Bloco de Esquerda aqui propõe. Muito pelo contrário, estão a tentar forçar a nota e, eventualmente, a
levar à continuidade de um problema que se tem eternizado.
Em segundo lugar, é absolutamente inaceitável, é absolutamente incompreensível que em relação a um
escasso número de trabalhadores que têm 40 meses de salários em atraso não possa ser o Ministério da
Agricultura a garantir esse fundo salarial mínimo! Dada a natureza da Casa do Douro, não há um fundo de
garantia salarial do Estado, uma vez que não é bem um organismo privado, não é uma empresa privada, mas
também não há assunção de responsabilidades por parte da Administração Pública, porque consideram que
não é uma entidade pública como outras! Bem, estes trabalhadores ficaram no limbo! E, nestas circunstâncias,
é inacreditável, é de uma insensibilidade total, é de uma falta de consciência social absoluta que o Estado não
assuma o pagamento dos salários até ao momento em que será feito o saneamento financeiro da Casa do
Douro. E essa crítica, essa acusação, essa imoralidade, absolutamente inaceitável, recai sobre as bancadas
da maioria!
Aplausos do BE.