17 DE JANEIRO DE 2014
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Por isso, iniciou, em 2013, uma estratégia que visa a superação progressiva desta realidade e que teve
como primeiro passo um concurso de vinculação extraordinário que permitiu a integração no quadro de mais
de 600 professores.
Como sabemos as necessidades do sistema são evolutivas e, por isso, todos conhecemos o esforço e o
empenho do Ministério da Educação na continuação deste caminho: o de vincular aos quadros os professores
que têm mais experiência.
O pressuposto da petição apresentada remete-nos, ainda, para a temática da autonomia das escolas,
dizendo, e passo a citar: «Que alguns diretores das escolas confundem, cada vez mais, a autonomia e os
poderes que lhes são confiados com uma gestão do bem público a seu bel-prazer, tendo em conta os seus
próprios interesses ou os de quem lhes é próximo em detrimento dos interesses das escolas, dos alunos e do
Estado português.»
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Muito bem!
O Sr. Isidro Araújo (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: De acordo com o quadro normativo
existente no momento, cabe à administração educativa a intervenção mais significativa no recrutamento de
docentes, sem deixar, contudo, de dar às escolas responsabilidades no âmbito da sua própria autonomia.
Entendemos a lógica e a razão de muitos aspetos da petição, mas, falando-se de abuso e de atropelo da
lei, parece-nos que a Inspeção-Geral de Educação e Ciência deverá ser chamada a intervir e a analisar as
situações em que, porventura, haja violação não só do Decreto-Lei n.º 132/2012, como de qualquer outro
normativo, situações em que estejam a ser postos em causa os direitos dos professores.
Relativamente ao projeto de resolução n.º 906/XII (3.ª), do Bloco de Esquerda, apresentado com base na
petição, queremos lamentar apenas o oportunismo político que usa a preocupação de 4398 professores para
subir ao palco.
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Muito bem!
O Sr. Isidro Araújo (PSD): — O projeto de resolução recomenda ao Governo a contratação a termo certo
de professores através da lista de reserva de recrutamento nacional, defendendo, desta forma, a perda de
autonomia conquistada pelas escolas e que determina a força dos seus projetos educativos.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Rita Rato.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Gostaria de, em nome do Grupo Parlamentar do
Partido Comunista Português, começar por cumprimentar e saudar os mais de 4398 peticionários que
dinamizaram a petição n.º 275/XII (2.ª) pela justiça, legalidade e transparência na contratação de professores.
Entendemos que as reflexões e as preocupações que os peticionários abordam quanto à necessidade de
justeza e de transparência na contratação de professores merece ser abordada e refletida.
Porém não podemos entender as afirmações que o Sr. Deputado do PSD aqui fez quando disse que as
necessidades do sistema são evolutivas. Pois são, Sr. Deputado. E, num contexto de alargamento da
escolaridade obrigatória, imagine que as necessidades são cada vez maiores. Mas este Governo não tem feito
outra coisa senão atirar para o desemprego milhares de professores contratados. Professores contratados que
não respondem a necessidades temporárias ou transitórias das escolas, isto é, que não respondem a
necessidades de substituição de um professor por baixa por doença ou por licença de maternidade, mas que
respondem a necessidades registadas no sistema ao longo dos anos, em alguns casos ao longo de décadas,
mas a quem os sucessivos Governos do PS, do PSD e do CDS têm negado o acesso à carreira, com prejuízo
na vida de cada um destes professores, mas também da estabilidade e da qualidade pedagógica.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!