17 DE JANEIRO DE 2014
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Além do problema da migração que aqui foi referido, e cuja iniciativa está vertida neste diploma, há outro
problema que deve ser denunciado e referido. Nesta matéria, acompanhamos a consideração feita
relativamente ao seguro no crédito à habitação, dizendo que o acesso a esse seguro é um grande problema.
Muitas vezes, o sistema bancário cobra muito mais de seguro do que de prestação da habitação, impedindo o
acesso à habitação das pessoas com deficiência, o que constitui um problema muito sério.
Importa, pois, resolver também este prolema do crédito à habitação no que diz respeito ao seguro. Porém,
isso não nos deve impedir de resolver, no plano imediato, o problema da migração do crédito caso a pessoa
adquira uma deficiência igual ou superior a 60%.
Portanto, sem hesitação, e não protelando a resolução de outros problemas que também importa resolver,
iremos votar a favor desta mesma iniciativa legislativa para resolver a situação concreta que se coloca às
pessoas.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Raúl Almeida.
O Sr. Raúl de Almeida (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: A matéria que discutimos é da
maior dignidade e da maior importância.
Quero começar, sem dramas, por saudar o Bloco de Esquerda por ter trazido à discussão esta matéria, que
a todos convoca, que a todos interpela de igual forma. Qualquer bancada desta Casa a poderia ter trazido
para discussão, mas foi o Bloco de Esquerda que o fez e, portanto, dirijo a esta bancada uma saudação muito
especial.
Dirijo também uma saudação muito especial à Defesa do Consumidor, que fez sobre essa matéria um
estudo muito aprofundado, muito rigoroso, identificando o problema de forma claríssima e apontando os
principais entraves.
Sr. Deputado Jorge Machado, permita-me que lhe preste um esclarecimento: a questão do seguro entronca
nesta migração, não é um assunto lateral, pode ser impeditivo desta migração, e a Defesa do Consumidor, ao
fazer este estudo, entrega-nos um trabalho que exige a nossa análise, o nosso aprofundamento e que faz uma
convocatória à ação.
Analisada a lei que temos neste momento, analisada a proposta do Bloco de Esquerda, que seria efetiva e
eficaz a resolver esta questão, entendem o CDS e a maioria que se deve ir mais longe e que se deve ter uma
lei que evite estas injustiças presentes e que previna injustiças futuras, nomeadamente no caso dos seguros.
Nesse sentido, tomando como boas todas as propostas que o Bloco de Esquerda apresenta e fazendo com
que se prolonguem no tempo — não nos iludamos, estamos a falar de matérias muito sérias, não estamos a
falar de política, mas de cidadania e, por isso, temos a felicidade de encontrar neste Hemiciclo a convergência
de todas as bancadas —, neste trabalho é exigida celeridade, porque o tempo conta, e muito. Só se pode ir
além da proposta do Bloco de Esquerda se houver celeridade, se houver um compromisso no tempo, se as
soluções forem eficazes e rápidas.
É que o banco até pode aceitar a migração — de acordo com um estudo da DECO e pela pesquisa que
fizemos, são raríssimos os casos —, ao invés de, injusta e incompreensivelmente, propor um novo crédito,
com novas taxas de spread, com condições completamente diferentes e que vêm anular o efeito positivo da
bonificação. Mas, depois, a companhia de seguros, incompreensivelmente, usando uma imagem antiga,
empresta um chapéu-de-chuva num dia de sol e pede-o de volta no dia de chuva, não fazendo o seguro a
essa pessoa.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Peço que conclua, Sr. Deputado.
O Sr. Raúl de Almeida (CDS-PP): — Concluo, Sr. Presidente.
Portanto, temos de prevenir todas essas situações, temos de fazer uma lei que perdure. Fica o nosso
compromisso de trabalharmos em conjunto com todos de forma urgente, porque é urgente uma solução para
esta injustiça.