I SÉRIE — NÚMERO 37
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É sabido que esta relação, contudo, não tinha um quadro legal bem definido. Este Decreto-Lei que estamos
a analisar pretende exatamente concretizar dois fins: criar esse quadro regulador, exigente e transparente em
relação aos acordos que vão sendo feitos de forma normal e criar um quadro legal que permita a devolução
dos hospitais que foram integrados no sector público em 1975 e que pertenciam às misericórdias.
No primeiro caso, com a introdução de um quadro de regulação rigoroso e transparente, para o que penso
haver consenso absoluto no sentido de que é necessário, dado que esta é uma falta do quadro legal em
Portugal.
Quanto ao segundo caso, a devolução dos hospitais às misericórdias, trata-se, de facto, de uma escolha
que o Governo faz no sentido de permitir que a prestação de cuidados aos portugueses melhore, bem como
de uma escolha no sentido de que a sustentabilidade financeira seja melhor garantida desta forma.
O Sr. Miguel Santos (PSD): — Muito bem!
O Sr. Secretário de Estado da Saúde: — Esta é uma escolha legítima que o Governo faz e que será
apenas implementada depois de passar por uma prova de fogo, que é a demonstração de que aquele acordo
é eficiente, eficaz e económico, para além de ser a demonstração de que aquele acordo de cooperação
produz, de facto, uma diminuição da despesa do Serviço Nacional de Saúde no mínimo em 25%.
Isto é fácil? Não, isto não é fácil, é difícil, absolutamente difícil, mas é assim que o Governo trabalha: sendo
exigente e trabalhando na fronteira do difícil. É, pois, difícil, mas é possível.
Temos estado a trabalhar nesse sentido. Existe um conjunto de entidades que nos têm acompanhado, mas
o processo não está fechado. É nossa esperança fechar um conjunto-piloto a breve trecho, estejam assim
cumpridas as condições que achamos absolutamente necessárias na defesa do interesse público e dos
portugueses.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Para uma segunda intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada
Carla Cruz.
A Sr.a Carla Cruz (PCP): — Sr. Presidente, Sr.
as e Srs. Deputados: Só por ignorância é que a Sr.
a
Deputada Carla Rodrigues, do PSD, proferiu as afirmações que proferiu sobre a relação do PCP com os
cristãos.
A Sr.ª Carla Rodrigues (PSD): — Não precisa de utilizar essa linguagem!
A Sr.a Carla Cruz (PCP): — Sr.
a Deputada, queria também dizer-lhe que a preocupação do PCP tem a ver
com as condições em que os cuidados são prestados aos utentes e com as condições e os direitos dos
trabalhadores desses hospitais. Essas são as nossas verdadeiras preocupações.
Fica claro no final deste debate que o Governo está a transferir para outros a rutura que está a provocar no
Serviço Nacional de Saúde. Quem são os grandes penalizados? São os utentes, pois são eles que estão a
sofrer e que vão sofrer com estas transferências.
Só uma gestão pública do Serviço Nacional de Saúde é que garante uma prestação de serviços de
qualidade naquilo que é o cumprimento do direito que está consagrado na Constituição.
Para finalizar, quero dizer-lhe, Sr.ª Deputada, que estranhamos a posição hoje adotada pelo PSD, porque
há eminentes Deputados do seu partido na Comissão de Saúde que, na suas terras, nas assembleias
municipais, aprovam moções contra a devolução dos hospitais do SNS às misericórdias! Estranhamos essa
posição!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): Queira terminar, Sr.ª Deputada.