17 DE JANEIRO DE 2014
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A Sr.ª Carla Rodrigues (PSD): — Quanto à apreciação parlamentar em causa, ela encerra dois
preconceitos ideológicos, e disso, efetivamente, não podemos fugir. Por um lado, refiro o preconceito
ideológico com a iniciativa privada — tudo no Estado, nada fora do Estado —, desprezando, assim, a
excelente iniciativa privada que Portugal tem.
Protestos do PCP e do BE.
Por outro lado, encerra o preconceito com o setor social e as misericórdias em particular. Isto porque as
misericórdias nasceram do preceito cristão da caridade.
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Caridade?! O que vocês querem é caridade?!
A Sr.ª Carla Rodrigues (PSD): — E o PCP não só não a pratica como abomina tudo o que seja cristão e
tudo o que tenha a ver com caridade, desprezando o papel importantíssimo das misericórdias e das IPSS na
assistência aos mais carenciados em geral e na prestação de cuidados de saúde em particular.
As misericórdias, a quem presto aqui a minha homenagem, têm 500 anos de experiência na prestação dos
cuidados de saúde. E aliam as exigências técnicas, na prestação dos cuidados de saúde, a uma vocação e
tradição multisecular, à ausência de fins lucrativos e à proximidade das populações.
O diploma que o PCP contesta — parece que não o leu aprofundadamente — estabelece que estes
acordos são feitos pelo prazo de 10 anos, ou seja, não são irreversíveis; estabelece que as misericórdias
ficam obrigadas a manter o pessoal afeto às unidades de saúde — está no diploma; exige que os cuidados de
saúde prestados aos utentes do SNS mantenham elevados padrões de qualidade, em tempo útil e nas
melhores condições, bem como sem qualquer discriminação para os utentes do SNS.
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Por isso é que cortam 25%!
A Sr.ª Carla Rodrigues (PSD): — Portanto, as garantias são asseguradas às instituições, são asseguradas
aos profissionais e são também asseguradas aos utentes.
Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Governar é isto! Governar é fazer escolhas, é correr riscos, é fazer
opções,…
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — É desresponsabilizarem-se!
A Sr.ª Carla Rodrigues (PSD): — … sempre com um único objetivo: o bem comum.
Governar é coisa que os senhores não sabem, porque os portugueses nunca vos confiaram essa
responsabilidade. A nós confiaram-na, e é isso que estamos a fazer, a bem da saúde dos portugueses!
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Secretário de Estado da
Saúde.
O Sr. Secretário de Estado da Saúde (Manuel Ferreira Teixeira): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs.
Deputados: É conhecido o desígnio de defesa intransigente do interesse público e do Serviço Nacional de
Saúde que este Governo tem vindo a concretizar.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Boa piada!
O Sr. Secretário de Estado da Saúde: — É conhecida a relação de décadas de articulação entre o
Estado, o Serviço Nacional de Saúde e as instituições da economia social, uma relação muito fértil, muito útil,
muito necessária.