I SÉRIE — NÚMERO 40
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Mas, em relação aos pequenos produtores, o que temos notado tem sido a tamanha confusão que este
Governo criou com as novas regras do IRS, do IVA, do IRC, com as guias de transporte que foram aprovadas
e sucessivamente prorrogadas, ou seja, pouco.
Mais ainda é de relembrar que estes partidos da maioria chumbaram vários projetos de resolução
apresentados pela oposição nesta Câmara, inclusive um diploma do PS que recomendava um conjunto de
orientações para o setor agrícola, sobretudo nas novas obrigações fiscais.
Este é um projeto de resolução relativamente ao qual não temos nada para votar contra, mas também não
temos nada para votar a favor, ou seja, acho que é «muita parra e pouca uva».
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Tem a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada Maria José
Moreno, do PSD.
A Sr.ª Maria José Moreno (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Discutimos um projeto de resolução
sobre um tema da maior relevância política, económica, social e mesmo ambiental.
Valorizar o pequeno agricultor é fundamental num País onde predomina o minifúndio e onde a função da
produção agrícola não tem sido devidamente respeitada. Na verdade, em Portugal, esta atividade nunca teve
a dignidade merecida. O Governo, ciente da importância do setor, valoriza e incentiva a agricultura,
especialmente a pequena agricultura ou agricultura familiar.
Como é sabido, o PSD apresentou iniciativas análogas a esta, certo de que o nosso território é uma imensa
fonte de riqueza que precisa de ser valorizada. A valorização deste setor exige políticas públicas orientadas
para esse objetivo, mas exige também que os consumidores aceitem e escolham produtos provenientes da
pequena agricultura e das pequenas explorações agrícolas, que é uma forma eficiente de promover o pequeno
agricultor.
Torna-se necessário incentivar a organização de produtores em associações para alcançar ganhos de
produtividade e competitividade; promover mercados de proximidade para o escoamento dos produtos;
adaptar as normas de certificação e escoamento de produtos para pequenas produções; criar transparência
nas relações comerciais entre a produção, transformação e distribuição para minimizar as disparidades entre
as forças negociais; associar a agricultura a um bem público que contribui para o povoamento do território,
para a preservação do meio ambiente, para o combate às alterações climáticas, para a inclusão social e
combate à pobreza nas zonas rurais.
Sr. Presidente e Srs. Deputados, 2014 foi declarado o Ano Internacional da Agricultura Familiar pela
Assembleia Geral das Nações Unidas, que é o reconhecimento do seu papel fundamental para a segurança
alimentar no mundo.
De facto, a agricultura familiar é responsável por 70% da produção de alimentação mundial. Na União
Europeia, corresponde a 97% das explorações agrícolas, abrangendo 69% das terras agrícolas da Europa. Em
Portugal, a agricultura familiar envolve 790 000 pessoas, com 80% da mão-de-obra total ao serviço da
agricultura, encontrando-se acima da média da Europa. O peso desta força laboral é de 77%.
É fácil perceber que a agricultura familiar é igualmente predominante em países desenvolvidos e não
apenas nos países em vias de desenvolvimento.
A contribuição para a coesão social e o emprego, para a gestão dos recursos naturais, para a proteção do
meio ambiente e para o desenvolvimento sustentável das áreas rurais deve ser missão estratégica dos
Estados-membros europeus.
Sr. Presidente e Srs. Deputados, o PSD acompanha o CDS nesta iniciativa e sabe que o Governo está, no
âmbito do novo quadro comunitário para 2014-2020, a desenvolver linhas de apoio adequado à nossa
realidade produtiva, para que cada vez mais o setor agrícola seja uma mais-valia em Portugal.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Helena Pinto, do Bloco de
Esquerda, para uma intervenção.