25 DE JANEIRO DE 2014
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A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Vou mostrar!
O Sr. Ministro já está a mostrar os dados de 2009, mas, como diz, são dados da execução orçamental.
Ora, os dados da execução orçamental não são os do Orçamento do Estado! O Orçamento do Estado é
fundamental, porque é aquilo que o Governo disponibiliza para gastar. Mas depois, normalmente, sabemos
todos muito bem, gasta muito menos do que o que devia gastar, o que significa que tinha mais disponibilidade
para gastar. É ou não é?
Ora bem, relativamente à disponibilidade que o Governo trouxe ao País para investir na ciência e na
educação, este Governo, desde 2011 até à data, fez um corte de mais de 80 milhões de euros relativamente
ao que disponibilizou ao País para gastar e que depois não gastou! Portanto, na realidade, o corte ainda foi
maior! É isto que se verifica.
O que pergunto é como é que se faz melhor investigação nestes termos. Como é que se avança na ciência
nestes termos e com estes cortes brutais?
O Sr. Ministro não respondeu àquilo que é fundamental responder. Sr. Ministro, o que é que vai acontecer a
estes bolseiros que o Governo está a pôr fora do sistema?
O Sr. José Magalhães (PS): — Ora, aí está!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Ou seja, o senhor dá a entender que eles podem ser integrados.
E eu pergunto: integrados onde? «Aqui», onde, Sr. Ministro? Porque aquilo que vislumbramos e que eles
vislumbram também é que têm duas alternativas «viáveis» — entre aspas o «viáveis», como é evidente: ou o
desemprego ou a emigração. E nós conhecemos os números da emigração de gente muito qualificada, não
conhecemos, Sr. Ministro? Não é uma realidade que o Governo esconda, pois não? Porque não pode.
O que se passa é mais ou menos como aquela lógica de há alguns tempos e que hoje, infelizmente, se
mantém. Todos conhecemos, na nossa família, gente que caiu no desemprego. É ou não verdade?
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça favor de terminar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Termino, Sr. Presidente, referindo que os índices são de tal modo
elevados que não há ninguém que não conheça, numa família, uma situação de desemprego. E agora, Sr.
Ministro, começamos a conhecer também nas nossas famílias concretas situações de emigração, de pessoas
que não se sustentam neste País e que procuram oportunidades lá fora, porque este País fechou-lhes a porta.
E estas pessoas, Sr. Ministro, qual é o futuro que vislumbram? É isto que o Governo está a oferecer? Esta
resposta precisa de ser dada. O Sr. Ministro está a fugir dela, mas é fundamental que a dê!
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Luís Fazenda.
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: O Sr. Ministro não nos respondeu acerca da
alternativa para milhares de desempregos na área da ciência, não fez uma única observação sobre as
múltiplas críticas a irregularidades nestes concursos e, em geral, não trouxe ao debate tudo aquilo com que os
vários partidos da oposição o têm confrontado. Tem a sua narrativa e dela não se afasta.
Mas não perderá por isso. Vai ter oportunidade de, através do exercício de um direito potestativo por parte
do Bloco de Esquerda, vir com tempo à Comissão de Educação e aí não poderá fugir à réplica necessária e ao
escrutínio individual por parte de cada partido, com o tempo suficiente.
Portanto, vamos manter essa intenção e ela será brevemente concretizada. Não pense, Sr. Ministro, que
ficará sem o debate necessário, sem a fiscalização deste Parlamento, sem dizer mais nada a milhares de
bolseiros que hoje só veem na rua o seu futuro e o seu horizonte.
A política de ataque à ciência, de «cientificídio», que este Governo está a promover, terá uma resposta
adequada da comunidade científica, porque, Sr. Ministro, é a comunidade científica que vos contesta, não é a
oposição. É a comunidade científica que vos contesta.
Aplausos do BE.