I SÉRIE — NÚMERO 43
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Aplausos do PS.
Mas, afinal, a questão não correu assim tão bem como se esperava, porque a verdade é que ao eliminar
certos feriados se estava a pôr em causa a celebração da nossa própria história, desses tais valores que
fazem de nós um coletivo, um País, uma Nação. E foram até mais as vozes que condenaram do que as que
aplaudiram.
Não deixa, no entanto, de ser curiosa a escolha para a eliminação dos feriados civis, e é desses que vou
falar: o 1.º de Dezembro celebrava a nossa recuperação da autonomia e independência face aos castelhanos
em — lembrem-se! — 1640.
Esse mesmo 1640 que o Vice-Primeiro-Ministro diz que se vai repetir com a saída da troica, comparando,
aliás, de forma algo duvidosa a intervenção dos nossos parceiros europeus a uma anexação.
Não sei se se pretende, findo o programa de resgate, a introdução de um novo feriado para celebrar este
novo Portugal, banhado numa mesma nova normalidade como anuncia o Primeiro-Ministro.
O segundo feriado foi o de 5 de Outubro, que celebrava a República, ou seja, o regime no qual vivemos
atualmente. Também aqui somos confrontados com uma dúvida substancial: esta escolha foi deliberada, com
intenções inconfessáveis de alteração de regime ou foi por mera ignorância?! Não sabem, sequer, que a
excessiva exaltação do qualificativo «novo» tem conotações menos generosas?!
É muito desestabilizador não conseguir responder a esta dúvida. Mas o Partido Socialista, em
contrapartida, não tem dúvidas de que, se a nossa independência merece ser celebrada, é imprescindível,
sobretudo nos tempos que vivemos,…
A Sr.ª Presidente: — Queira terminar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Inês de Medeiros (PS): — Estou a terminar, Sr.ª Presidente.
Como estava a dizer, é imprescindível, sobretudo nos tempos que vivemos, relembrar, celebrar e promover
com dignidade os valores e ideais da República: a liberdade, a igualdade, a educação, a cidadania.
Estes feriados são a partilha de uma mesma história e de uma cultura, para não sermos, como dizia
Malraux, apenas um acidente do universo.
Por isso, e apesar de algumas reservas sobre a oportunidade da introdução de novos feriados,
acompanharemos favoravelmente o projeto de lei do PCP.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção, tem, agora, a palavra a Sr.ª Deputada Clara Marques
Mendes.
A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Relativamente à matéria
que hoje aqui se discute, importa deixar três notas fundamentais.
Em primeiro lugar, a lei que aprovou a terceira revisão ao Código do Trabalho e na qual se integra
especificamente esta matéria dos feriados resultou de um amplo consenso social, de um acordo de
concertação social…
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Conversa da treta!
A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — … e, portanto, de um compromisso social que deve ser
respeitado e foi respeitado nesta Assembleia da República.
Vozes do PSD: — Muito bem!
A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — Respeitar esse acordo, essa vontade da maioria é respeitar os
valores da democracia, quando numa mesma mesa se sentaram patrões, trabalhadores e o Governo para