14 DE FEVEREIRO DE 2014
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mesma leitura que fizeram das autárquicas e não penalizem o Governo, porque estas eleições não têm nada a
ver».
Mas, azar dos azares, Srs. Deputado, os portugueses sabem que tem a ver. Então, os portugueses não
sabem que estas eleições europeias são também uma oportunidade de ouro para penalizar as políticas
gravosas que o Governo tem implementado em Portugal?!
Agora, vamos ao passo seguinte: o Governo e a troica, Sr. Deputado! Importa que os portugueses não se
esqueçam que a União Europeia também faz parte da troica, também é responsável por tudo aquilo que
estamos a sofrer em Portugal. Não se desvinculam dessa responsabilidade!
E o Sr. Deputado acha que nas eleições europeias estas políticas não têm que ser penalizadas?! Sr.
Deputado, os portugueses não podem levar em conta o apelo que o Sr. Deputado aqui fez!
Parto do seguinte princípio: quando as pessoas têm intervenções escritas, cada palavra que dizem é
medida. E há uma frase na intervenção do Sr. Deputado, que apontei, em que faz um apelo ao voto dos
portugueses nas eleições europeias não como julgamento mas como participação.
Então, as pessoas quando votam não estão a julgar políticas, Sr. Deputado? O que é que o Sr. Deputado
está a pedir às pessoas?! Está a pedir-lhes que se desvinculem de tudo aquilo que tem que ver com a sua
vida concreta e que façam uma teoria na altura das eleições, através do seu voto, relativamente à União
Europeia?! Não pode ser, Sr. Deputado! As eleições são para julgar também políticas relativas à vida concreta
das pessoas.
Mas, depois, há outra coisa de que o Sr. Deputado não falou, que tem a ver também, obviamente, com
políticas concretas europeias. Não falou do que é que resultou dessas políticas, ao longo destes anos, por
exemplo, para a nossa dependência económica, da forma como a União Europeia «comeu» o nosso mercado
interno, como nos tornámos muito mais dependentes do exterior, designadamente a nível alimentar.
A Sr.ª Presidente: — Queira terminar, Sr.a Deputada.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Vou terminar, Sr.ª Presidente.
Há coisas que o Sr. Deputado não contou. Não contou, porque não convém! Não é verdade, Sr. Deputado?
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado António Rodrigues.
O Sr. António Rodrigues (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Nuno Magalhães, concordo com as
questões que levantou, principalmente porque julgo que elas são pacíficas entre nós.
Risos do Deputado do PS Pedro Jesus Marques.
Isto é, a Europa é um espaço de paz nos últimos 60 anos muito por força de se terem constituído
instituições que juntam países, juntam Estados, juntam vontades, mais do que dividir.
Há 60 anos, andávamos todos ainda a tentar curar-nos das feridas das guerras; hoje, andamos todos a
discutir e a aprofundar democracia e isso é um dos principais ganhos que a União Europeia nos trouxe.
Em segundo lugar, concordo também consigo – e estou convicto, aliás – acerca da responsabilidade que o
Partido Socialista tem nesta matéria e que vai demonstrar nestas eleições europeias. Estou convicto de que
vai apresentar propostas, não necessariamente iguais às nossas, mas seguramente vai ser, como é, um
partido responsável e vai querer discutir connosco as verdadeiras questões europeias.
Vale a pena não deixar de referir também aqui, e concordando consigo, a alternativa zero que representa a
extrema-esquerda, aqueles que, pela Europa fora, aspiram a mais lugares precisamente pela falta de
participação dos outros. Portanto, eles querem que os outros não participem, eles querem que os cidadãos
fiquem em casa, eles gostavam, até, de poder concorrer sozinhos, mas nós não queremos deixar que isso
aconteça, não vamos deixar que isso aconteça, porque, de facto, queremos que as pessoas se pronunciem
sobre o projeto europeu, sobre o futuro da Europa, sobre aquilo que é um projeto comum, para nós e também
para eles, porque, mesmo que eles não queiram, queremos continuar sempre na Europa.