I SÉRIE — NÚMERO 49
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O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. António Filipe (PCP): — Os Srs. Deputados acham que não é preciso mudar nada nesta Europa
para que os cidadãos se possam, de alguma forma, reconciliar com a atividade política e com qualquer projeto
de construção europeia, seja ele qual for?
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Também para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Zorrinho.
O Sr. Carlos Zorrinho (PS): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado António Rodrigues, o Sr. Deputado pertence
a um partido cujo líder, e atual Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho, disse um dia «Que se lixem as
eleições!», mas, pelo contrário, todos os dias pratica o mais profundo eleitoralismo.
Aplausos do PS.
Mas também é esse eleitoralismo que faz com que muitos portugueses descreiam da democracia.
Em todo o caso, junto-me ao seu apelo, ao apelo a que todos os portugueses com capacidade eleitoral
possam exercer esse direito.
As eleições de 25 de maio são uma oportunidade para construirmos uma Europa diferente, uma Europa em
que não seja possível um governo governar como o seu Governo está a governar Portugal.
São a austeridade como mantra e o empobrecimento como grande fim e objetivo que conduzem ao
euroceticismo, que conduzem a que muitos cidadãos já não acreditem no projeto europeu. Mas o projeto
europeu não é aquele que o seu partido e a sua coligação estão a implementar em Portugal, o projeto europeu
está na mão dos cidadãos europeus e somos nós que o vamos definir nas eleições de 25 de maio.
Por outro lado, Sr. Deputado, também lhe quero dizer que um dos males mais profundos da nossa
democracia é a dicotomia entre aquilo que se promete e aquilo que se faz.
Por isso, em larga medida, algum desânimo que hoje ocorre no País tem que ver com a dicotomia entre
aquilo que os senhores prometeram antes de vencerem as eleições que vos conduziram ao Governo e aquilo
que efetivamente estão a fazer.
Logo, faço um apelo aos portugueses para que votem, mas também faço um apelo ao Sr. Deputado para
que, junto do seu partido e da sua coligação, seja possível que estas eleições tenham uma campanha digna,
uma campanha justa, uma campanha de verdade, que não volte a iludir os portugueses e a destruir aquilo que
tanto custou a construir, que é a nossa democracia e este importante projeto a nível geopolítico que é a União
Europeia.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra, para pedir esclarecimentos, o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado António Rodrigues, devo dizer-lhe que é
caricato, no mínimo, vir fazer a intervenção que fez. Então, não pertenceu o PSD aos governos e às maiorias
que sempre alhearam dos cidadãos qualquer decisão europeia?!
Então, por exemplo, não foi esta maioria, juntamente com o Partido Socialista, é verdade, que assinou um
Tratado Orçamental sem querer saber qual era a opinião dos cidadãos sobre a matéria?
Então, não pertenceu o PSD às vozes daqueles que, quando a sociedade pedia um referendo ao Tratado
de Lisboa, diziam «não, não queremos ouvir os cidadãos»! Pertenceu!
Ora, se o PSD esteve em todos estes maus momentos de falta de democracia na construção europeia,
como pode vir agora falar de alheamento, de preocupação com a abstenção?!
Afinal, leva à letra o ditado popular «só se lembra de Santa Bárbara quando troveja»! Só se lembra dos
eleitores quando há eleições, porque quando é importante ouvir as suas vozes sobre políticas que são