I SÉRIE — NÚMERO 49
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o défice não só estaria muito acima do compromisso inicial de 4,5% do PIB mas mesmo claramente além do
objetivo definido, já em outubro, nas oitava e nona avaliações, de 5,5% do PIB.
Aplausos do PS.
Protestos do PSD.
Mas, sobretudo, veio confirmar as suspeitas do Partido Socialista sobre a dimensão elevada da perda de
receitas que envolveu este raide fiscal de curto prazo.
Segundo as contas do Governo, a que importará ainda acrescer os casos em litígio, este perdão custou
aos portugueses 494 milhões de euros — isto é, 38% da receita arrecadada — em juros de mora, juros
compensatórios ou coimas já liquidadas mas, agora, perdoadas.
Vozes do PS: — Bem lembrado!
O Sr. Eduardo Cabrita (PS): — Lembremos, Srs. Deputados, a dramatização e a chantagem feitas
recentemente pelo Governo em torno da aplicação retroativa de cortes nas pensões a aposentados ou viúvos,
com valor superior a 600 €.
O Sr. Pedro Jesus Marques (PS): — Muito bem lembrado!
O Sr. Eduardo Cabrita (PS): — Essa medida orçamental, que justificou considerações lamentáveis de
entidade externas sobre o Tribunal Constitucional, valia 388 milhões de euros e foi rapidamente substituída por
um agravamento de cortes para todas as pensões superiores a 1000 €.
A troica desejada por esta maioria não pode ser alibi para as escolhas que o Governo sucessivamente fez
por conta própria, aumentando a crise social, martirizando o mundo do trabalho, destruindo a esperança e
semeando a injustiça.
Aplausos do PS.
Protestos do PSD.
Esta opção de perdoar, para salvar mais um fracasso orçamental, quase 500 milhões de euros, ao mesmo
tempo que insiste em reduzir salários e cortar pensões, é a imagem da injustiça e da falta de credibilidade do
Governo. É o vosso caminho!
Contem com o PS para liderar consensos sociais e políticos alargados que garantam crescimento,
emprego, estabilidade económica e justiça social. É tempo de um novo rumo.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — A Mesa regista quatro pedidos de esclarecimentos, a formular pelos Srs. Deputados
Cristóvão Crespo, do PSD, Paulo Sá, do PCP, Filipe Lobo d’Ávila, do CDS-PP, e Pedro Filipe Soares, do BE.
Pergunto ao Sr. Deputado Eduardo Cabrita como pretende responder.
O Sr. Eduardo Cabrita (PS): — Sr.ª Presidente, responderei em conjuntos de dois.
A Sr.ª Presidente: — Sendo assim, tem a palavra o Sr. Deputado Cristóvão Crespo.
O Sr. Cristóvão Crespo (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Eduardo Cabrita, com a responsabilidade
que tem ao nível da Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública, penso que devia ter sido
mais rigoroso na intervenção que fez na tribuna.