14 DE FEVEREIRO DE 2014
13
medidas extraordinárias, de umas parcas duas décimas de PIB, com a circunstância de a dívida pública ter
atingido quase 130% do PIB, mas, sobretudo, voltou a não ter resposta para dizer qual a despesa fiscal
resultante do regime extraordinário de regularização de dívidas fiscais e à segurança social que, in extremis,
permitiu maquilhar a medíocre execução orçamental de 2013.
Estranharam o tom de festa os contribuintes, as famílias e as empresas cumpridoras das suas obrigações
fiscais em tempos de crise.
Não houve perdão fiscal para os trabalhadores que, em 2013, pagaram mais de 35,5% de IRS, isto é, mais
3200 milhões de euros, na sua grande maioria pagos por retenção na fonte.
Não houve perdão fiscal para a restauração, que continuou a suportar um IVA mais elevado do que na
Grécia, na Irlanda, em Espanha ou na Itália.
Não houve perdão fiscal para os desempregados ou para os doentes, que passaram a pagar um imposto
especial de 5% ou 6% sobre os subsídios auferidos por circunstâncias que não escolheram viver.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. Eduardo Cabrita (PS): — Não houve perdão para os acamados ou fortemente incapacitados com
600 € de rendimento, que deixaram de receber o complemento para situações de dependência extrema.
O Sr. Alberto Martins (PS): — Muito bem!
O Sr. Eduardo Cabrita (PS): — Não houve perdão para os mais pobres e indefesos que foram vítimas, em
2013, da redução de cerca de 10% do complemento solidário para idosos, sem qualquer preocupação, neste
caso, do Ministro Mota Soares, com o consenso político ou social com o Partido Socialista, apesar de reduzir o
rendimento disponível dos titulares de pensões mínimas.
Estranharam a festa também os empresários das PME que continuaram a não aceder crédito em
condições competitivas, nem sequer por parte dos bancos que receberam um apoio de quase 6000 milhões de
euros por parte do Estado.
Estranharam sobretudo o tom festivo os quase 200 000 portugueses que emigraram no ano passado e
aqueles que deixaram de procurar emprego, contribuindo, assim, decisivamente, para o alívio estatístico da
tragédia social que é o desemprego.
O PS é o partido que tem estado sempre ao lado dos portugueses nos momentos difíceis: no PREC e no
pós-PREC, pela democracia, pela Europa solidária, nos anos 80, pela União Económica e Monetária, na
década de 90, pelo aprofundamento da integração económica e social, no debate da Constituição Europeia e
do Tratado de Lisboa.
A direita, europeisticamente titubeante, que chegou ao poder às cavalitas da troica, tem uma visão utilitária
do consenso.
Aplausos do PS.
Protestos do PSD e do CDS-PP.
O PS provou, recentemente, em matéria de IRC, que quando está em causa defender a economia, dar
esperança aos portugueses e criar mecanismos de confiança, tudo fazemos para obter consensos alargados e
de médio prazo. O perdão fiscal não é isso, é um expediente orçamental de vistas curtas que reforça o
sentimento de injustiça e retira credibilidade ao Governo para lançar propostas de futuro.
Vozes do PS: — Muito bem!
Protestos do PSD e do Deputado do CDS-PP Artur Rêgo.
O Sr. Eduardo Cabrita (PS): — Ontem, finalmente, o Ministério das Finanças respondeu ao Parlamento
sobre o pedido de perdão fiscal, confirmando uma receita extraordinária de 1277 milhões de euros, sem a qual