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I SÉRIE — NÚMERO 49

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Aplausos do PSD e do CDS-PP.

A Sr.ª Presidente. — Também para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Paulo Sá.

O Sr. Paulo Sá (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Eduardo Cabrita, começaria por fazer um primeiro

apontamento quanto à sua intervenção, dizendo que este perdão fiscal é uma medida extraordinária levada a

cabo pelo Governo com o objetivo de tentar mascarar o falhanço da sua política quanto àquele que era, ou

devia ser, um dos seus objetivos principais, a redução do défice.

Mas, sendo uma medida extraordinária, o perdão fiscal não é repetível nos próximos anos, não é repetível

nem em 2014 nem nos anos seguintes. Por isso, toda a encenação montada pelo Governo em torno do défice

visa apenas tentar fazer crer aos portugueses que os brutais sacrifícios que lhes foram impostos valeram a

pena, preparando, deste modo, caminho para aplicar mais brutais medidas de austeridade, que levarão ao

empobrecimento dos trabalhadores, dos reformados, dos pensionistas e das famílias, ao encerramento de

mais micro e pequenas empresas. Esta é uma situação que não podemos deixar de denunciar aqui.

Sr. Deputado Eduardo Cabrita, a questão do perdão fiscal é indissociável de uma outra questão, os

benefícios fiscais. Como o Sr. Deputado muito bem sabe, recentemente, o Tribunal de Contas denunciou o

facto de o Governo ter omitido, da Conta Geral do Estado para 2012, 1045 milhões de euros de benefícios

fiscais concedidos em sede de IRC a grandes empresas sociedades gestoras de participações sociais

(SGPS).

A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Uma vergonha!

O Sr. Paulo Sá (PCP): — O Governo declarou na Conta Geral do Estado apenas 480 milhões de euros em

sede de IRC e escondeu mais do dobro, ou seja, 1045 milhões de euros.

Mas o Tribunal de Contas também denunciou outros factos. Por exemplo, denunciou o facto de o Governo,

no relatório do Orçamento do Estado para 2012, ter inflacionado arbitrariamente os benefícios fiscais em sede

de IRS, multiplicando o valor real dos benefícios fiscais em sede de IRS por 11 para tentar fazer crer aos

portugueses que os benefícios fiscais dos rendimentos dos trabalhadores eram superiores aos benefícios

fiscais dos lucros das empresas. A realidade não é assim, tendo ficado demonstrado numa audição do

Tribunal de Contas que o Governo manipulou descarada e despudoradamente os números para tentar induzir

os portugueses em erro.

Perante este facto, parece-nos indispensável, Sr. Deputado Eduardo Cabrita, que o Tribunal de Contas

faça uma auditoria rigorosa aos benefícios fiscais. De resto, já apresentámos uma proposta na Comissão de

Orçamento, Finanças e Administração Pública exatamente no sentido de ser solicitada uma auditoria aos

benefícios fiscais aplicada a todos os impostos.

Gostaria de saber, Sr. Deputado Eduardo Cabrita, se o PS acompanha o PCP nesta proposta no sentido de

solicitar ao Tribunal de Contas uma auditoria sobre os benefícios fiscais, de forma a apurarmos quanto milhões

ou milhares de milhões de euros são concedidos em benefícios fiscais.

Aplausos do PCP.

A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Eduardo Cabrita.

O Sr. Eduardo Cabrita (PS): — Sr.ª Presidente, agradeço aos meus colegas da 5.ª Comissão, Cristóvão

Crespo e Paulo Sá, as questões que entenderam colocar, porque ajudam a centrar o tema da nossa

declaração política.

A nossa preocupação é esta: solidário com o esforço dos portugueses, com a desgraça em que vivem as

famílias, com a angústia em que vivem as empresas face a três anos de sacrifícios sem resultados, de

sacrifícios injustamente repartidos, de uma recessão sempre acima do previsto pelo entusiasmo, pela vocação

extremista de ir além da troica, o PS está aqui para, com rigor, trabalhar pelo futuro, trabalhar pela esperança

e pela criação de consensos que permitam aquilo que aconteceu, por exemplo, em matéria de IRC.