I SÉRIE — NÚMERO 51
28
quadro, encontrar pequenos investimentos em pequenas infraestruturas de conclusão de obra, muitas delas
com as quais até discordamos porque foram obras em excesso, mas que têm efeitos de aproveitamento
económico e podem ter, nalguns casos, uma evolução e traduzir-se numa mais-valia na economia regional e
local, sendo que não esgotam o esforço financeiro que é preciso fazer.
Além disso, parece-nos que, com a definição das regiões de convergência, onde está concentrada a maior
parte da capacidade industrial e comercial do País — o norte, o centro, o Alentejo —, deixando de lado, ainda
assim com alguma capacidade de acesso aos fundos, Lisboa ou outra região (cujo efeito de spillover de
empresas que estavam sedeadas nestas regiões para aproveitar fundos comunitários deixa de ser o efeito que
servia para tudo), tem de haver maior rigor, maior avaliação e maior acompanhamento, para que esse efeito
seja real e profícuo no que toca ao investimento nestas regiões e tenha alguma influência no resto do País.
Refiro ainda que, como aqui foi dito, o próprio Fundo Social Europeu, que tem uma perspetiva diferente, vai
direto a alguns PO regionais, onde os valores aumentam de 37% para 41%, e o PO regional aumenta de 30%
para 40%. Portanto, se a isto somarmos o facto de os financiamentos serem reembolsáveis, passa muita da
responsabilidade para o nosso tecido empresarial, o que nos parece bastante positivo.
Por fim, gostaria de dizer que, se não fizermos de uma vez por todas o enfoque destes investimentos
virado para as empresas portuguesas, para a economia portuguesa, poderemos perder uma oportunidade,
porque muitas vezes esquecemos que estamos ainda a encerrar um acordo de parceria estratégica com os
Estados Unidos da América, encerrámos recentemente um acordo com o Canadá, que traz uma perspetiva de
grande mercado internacional, de aumento das nossas exportações, de captar inovação e tecnologia e de
captar capital. Ora, se não aproveitarmos estas oportunidades para dotar o nosso tecido empresarial de
acordo com uma estratégia clara, de acordo com o rigor da avaliação, de acordo com um olhar para os
objetivos e não tanto para as metas de execução do QREN, não conseguiremos aproveitar o que está a
acontecer entre os Estados Unidos da América, o Canadá e a União Europeia.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Queira concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Vou concluir, Sr. Presidente.
Por isso, da nossa parte, este parece-nos um bom acordo. Estão criadas as condições para termos
sucesso e para que, em 2020, Portugal possa dizer que também aqui fez um bom uso dos fundos
comunitários e, mais, transformou a economia portuguesa e conseguiu decididamente transformar alguns
constrangimentos em oportunidades, que bem precisamos.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Em nome do Grupo Parlamentar do PS, tem a palavra o Sr. Deputado
Carlos Zorrinho.
O Sr. Carlos Zorrinho (PS): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados: O
acordo de parceria entre Portugal e a União Europeia constitui uma grande oportunidade de mobilizar o País
para um novo ciclo de crescimento e emprego.
Após a destruição económica e social provocada por um programa de ajustamento mal dimensionado e
pior aplicado, o novo pacote de fundos estruturais poderá constituir um ponto de viragem.
No entanto, como ficou claro neste debate e não obstante o apoio que o Partido Socialista deu quer no
trabalho feito na preparação da estratégia Portugal 2020…
Risos do Deputado do PSD Luís Menezes.
… quer na partilha das suas posições sobre competitividade e coesão, a verdade é que a probabilidade de
este programa ser um sucesso pode estar francamente comprometida.
E pode estar comprometida porquê? Basicamente porque temos um Governo que tem dois rostos e dois
discursos. Um rosto e um discurso para a troica focado no empobrecimento e na austeridade e, depois, um
rosto e um discurso para captar fundos de coesão baseado em conceitos como o da inovação, o da