I SÉRIE — NÚMERO 51
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O Sr. Pedro Nuno Santos (PS): — O que é que não percebe?!
O Sr. Ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional: — Se, por um lado, parecem a figura do Duque
no livro Il Gattopardo, de Tomasi di Lampedusa, que quer que tudo mude para que tudo fique na mesma, por
outro, parece que querem que o País se transforme sem que nada mude.
Protestos do PS.
O único ponto em comum com estas duas posições é a inércia, é a resistência ao que pode permitir que o
nosso País se transforme.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Nós assumimos a mudança e as escolhas que ela implica. Assumimos essa responsabilidade. E essa
mudança é clara: no reforço das verbas para as pequenas e médias empresas — sim, as pequenas e médias
empresas, não as grandes empresas; no reforço das verbas para a competitividade e a internacionalização em
geral; no reforço das verbas para o Fundo Social Europeu e o investimento que isso implica em matéria de
inclusão social; no combate a problemas de fundo do nosso Estado, como o desemprego estrutural, a baixa da
natalidade, o envelhecimento da nossa população.
Sim, assumimos a mudança na descentralização que está inerente ao próximo quadro financeiro.
Sim, assumimos a mudança no que diz respeito às ações integradas, na ideia de que a intervenção que
deve resultar dos fundos deve coordenar diferentes políticas públicas e, por isso, também deve envolver a
utilização de diferentes verbas dos fundos europeus.
Sim, assumimos a mudança em matéria de contratualização de resultados, porque, como tenho dito, o
financiamento público não deve ser, como no passado, a origem dos projetos, mas devem ser os bons
projetos a justificar o financiamento público.
Não posso deixar de abordar, em último lugar, a questão das contradições ou não do discurso do Governo
— que não existem — ou da nossa autonomia relativamente à União europeia.
Refiro dois pontos, Srs. Deputados.
Primeiro: a nossa liberdade enquanto povo, enquanto cidadãos, enquanto países faz-se na União Europeia,
faz-se na relação com os outros. Autonomia não é autarquia. A liberdade não é estarmos e vivermos isolados.
O discurso de alguns Srs. Deputados lembra-me alguém que aterra no meio do deserto, onde não é sujeito
à pressão e aos constrangimentos de ninguém e, encontrando-se no meio do deserto, diz: «Sou, finalmente,
livre de ser o que quero». Isto não é a verdadeira liberdade. A liberdade faz-se em relação com os outros e,
num Estado moderno como o de hoje, a liberdade faz-se na União Europeia, tirando o máximo partido da
nossa relação com os outros.
Protestos do PS e do PCP.
A relação com os outros, a nossa relação com a União Europeia também implica condicionalismos e o que
é fundamental para tirarmos o máximo partido dessa relação é termos credibilidade, repito, é termos
credibilidade.
É por isso que não há nenhuma contradição entre todas as apostas que estão neste acordo de parceria e o
esforço de consolidação orçamental que tivemos de fazer como País. Se há algo que o nosso Estado e o
nosso País reconquistou nos últimos dois anos foi…
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — A pobreza, o desemprego…!
O Sr. Ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional: — … a nossa credibilidade na União Europeia.
E é essa credibilidade que vai permitir sermos mais livres no seio da União Europeia.