I SÉRIE — NÚMERO 55
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O Sr. Presidente (António Filipe): — Para que efeito, Sr. Deputado?
O Sr. Vitalino Canas (PS): — Sr. Presidente, é para anunciar que eu e um grupo de Deputados do PS
apresentaremos uma declaração de voto sobre a última votação.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Com certeza, Sr. Deputado.
Segue-se o voto n.º 178/XII (3.ª) — De protesto pela suspensão da tolerância de ponto no dia de Carnaval
(BE).
O Sr. Secretário Jorge Machado vai proceder à leitura deste voto.
O Sr. Secretário (Jorge Machado): — O voto é o seguinte:
«Em janeiro de 2012, o Governo PSD/CDS decidiu suspender a tradicional tolerância de ponto concedida
no Carnaval até ao fim do programa da troica.
Nesse mesmo ano, uma parte significativa do setor privado manteve a folga e 106 câmaras, num total de
308, decidiram desobedecer à orientação do Executivo, mantendo o feriado.
No entanto, foi no ano passado que a contestação à medida ganhou maior repercussão. Quase dois terços
das câmaras municipais do País, grande parte das quais governadas na altura pelo PSD, desrespeitaram a
decisão do Governo e deram o dia aos seus funcionários. De acordo com a informação recolhida à época pela
agência Lusa, em 196 municípios o Carnaval continuou a merecer tolerância de ponto. Idêntica decisão foi
seguida pelos governos regionais dos Açores e da Madeira. E, novamente, em muitas empresas privadas, nos
CTT e na Caixa Geral de Depósitos a decisão foi semelhante, em vários casos seguindo o acordado em sede
de contratação coletiva.
Na passada quinta-feira, o Ministro da Presidência e dos Assuntos Parlamentares, Luís Marques Guedes,
confirmou, uma vez mais, que o Governo manterá para este ano o princípio de não conceder tolerância de
ponto no Carnaval.
Tudo aponta para que o País volte a desautorizar o Governo e saia à rua para celebrar o Carnaval. Mais de
120 câmaras, entre elas muitas de maioria PSD/CDS, tal como os governos regionais dos Açores e da
Madeira, já prenunciaram que irão manter a tolerância de ponto num dia que os portugueses se habituaram a
viver como feriado.
Por outro lado, ficou claramente demonstrado que esta decisão não contribuiu para a melhoria da
dinamização económica ou para o aumento da produtividade. Muito pelo contrário, esta decisão não encontrou
qualquer correspondência junto das populações e no tecido económico. Só por teimosia e castigo é que o
Governo mantém a decisão, que se sabe impopular junto de larga maioria da sociedade portuguesa.
Assim, a Assembleia da República, reunida em plenário, contesta a decisão do Governo e apela à
reintrodução da tolerância de ponto no dia de Carnaval no presente ano civil.»
O Sr. Presidente (António Filipe): — Srs. Deputados, vamos votar o voto que acaba de ser lido.
Submetido à votação, foi rejeitado, com votos contra do PSD e do CDS-PP, votos a favor do PCP, do BE,
de Os Verdes e de 13 Deputados do PS (António Cardoso, Carlos Enes, Catarina Marcelino, Elza Pais,
Gabriela Canavilhas, João Portugal, Isabel Alves Moreira, Isabel Oneto, Marcos Perestrello, Maria Antónia
Almeida Santos, Mário Ruivo, Miguel Coelho e Pedro Delgado Alves) e a abstenção do PS.
Segue-se o voto n.º 179/XII (3.ª) — De condenação pela aprovação, no Uganda, da criminalização da
homossexualidade, punindo-a com prisão perpétua (PS).
Peço ao Sr. Secretário Jorge Fão que faça o favor de ler este voto.
O Sr. Secretário (Jorge Fão): — No dia 24 de fevereiro de 2014, o Presidente do Uganda, Yoweri
Museveni, promulgou um atentado insuportável aos direitos humanos: uma lei que criminaliza a
homossexualidade, punindo-a com prisão perpétua, ao arrepio dos apelos internacionais que, em vão,
tentaram travar mais um passo contra a comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgéneros).