1 DE MARÇO DE 2014
35
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem a palavra o Sr. Deputado António Rodrigues.
O Sr. António Rodrigues (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as
Deputadas, Srs. Deputados: Durante semanas,
assistimos a imagens de pessoas na rua ao frio, à fome, em dramas humanos, em quase tragédia,
acompanhámos essas situações e preocupámo-nos. Era povo, eram pessoas que estavam ali a proclamar o
seu direito a poder reclamar, e reclamaram de tal forma, de uma forma espantosamente simples, que, de um
dia para o outro, parece que se modificou todo o panorama político que se vivia na Ucrânia.
Além disso, morreram 88 pessoas. Não era preciso. Não era preciso que quase uma centena de pessoas
tivessem de dar a vida por aquilo que foi a demonstração, durante muitas semanas, do que as pessoas
sentiam, dos dramas humanos.
Hoje, o que se pede é que acompanhemos quer as pessoas que vivem naquele país, quer a memória
daqueles que morreram. É isso que fazemos aqui: dizer-lhes que estamos com elas na sua vontade de dizer
que querem encontrar um novo futuro, que querem ser chamadas a participar nesse novo futuro. Por isso, não
só nos associamos ao voto da Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas e da
Comissão de Assuntos Europeus, como compreendemos e reconhecemos o mérito e a necessidade de
invocar a imparcialidade a que o Bloco de Esquerda alude no seu voto.
Por isso, acompanharemos também o voto do Bloco de Esquerda por esta razão: porque é preciso
devolver àquele povo o direito a poder-se pronunciar relativamente ao seu futuro, sem ingerências, quer de um
lado, quer do outro. A Ucrânia não pode ser nem um protetorado europeu nem um protetorado russo, tem o
direito a ser independente. É isso que nós queremos, é por isso que aqui estamos e é isso que deve ser feito.
A Ucrânia não é apenas Kiev, também é a Crimeia, e todos devem ser chamados a participar no seu futuro.
Se quiserem estar connosco, se quiserem estar com a Europa, muito bem, mas, acima de tudo, que se possa
aqui dizer que é o momento de chamar à liça a solidariedade internacional e dizer que há um povo que
escolhe, há um povo que é chamado e há um povo que sabe que pode contar connosco.
É por isso que aqui estamos a transmitir essa mensagem. Queremos que eles saibam que podem contar
connosco para o seu futuro. Por isso, votaremos a favor quer do voto apresentado pela Comissão de Negócios
Estrangeiros e Comunidades Portuguesas e pela Comissão de Assuntos Europeus, quer do voto apresentado
pelo Bloco de Esquerda.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Srs. Deputados, vamos passar à votação destes três votos.
Vamos votar, em primeiro lugar, o voto n.º 175/XII (3.ª) — Relativo aos acontecimentos ocorridos na
Ucrânia (Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas e Comissão de Assuntos
Europeus).
Submetido à votação, foi aprovado, com votos a favor do PSD, do PS e do CDS-PP, votos contra do PCP e
de Os Verdes e a abstenção do BE.
É o seguinte:
Os acontecimentos em curso na Ucrânia, que conduziram à deposição do Presidente Viktor Yanukovich,
geraram uma justificada esperança de mudança naquele país.
Seria trágico que a oportunidade criada pela vitória das forças oposicionistas fosse desbaratada e que a
violência continuasse a engendrar mais violência, sujeitando a Ucrânia à guerra civil ou ao separatismo.
O povo ucraniano merece a sua oportunidade de paz e de progresso em democracia, apoiado nos seus
esforços pela comunidade internacional.
Para isso, é necessário que as vozes em favor da moderação, do diálogo e do compromisso se façam ouvir
e que prevaleçam na condução da difícil transição em curso.