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I SÉRIE — NÚMERO 55

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Vozes do CDS-PP: — Muito bem!

O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Temos em cima da mesa três votos. Começo por me referir ao voto do

PCP, esperando que a serenidade se mantenha.

Em primeiro lugar, o voto do PCP tem, de facto, uma linguagem e um pressuposto absolutamente

extraordinário: é o de que o problema de tudo o que está a acontecer, da enorme tragédia que se está a

passar na Ucrânia é um, ou seja, a restauração capitalista.

O Sr. João Oliveira (PCP): — Não, não é!

O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Se ainda não perceberam, gostaria de informar o PCP de realidades

muito simples.

Primeira realidade: a Ucrânia já não faz parte do império soviético, Srs. Deputados!

Aplausos do CDS-PP e do PSD.

Vozes do PCP: — Oh!…

O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Segunda realidade muito simples, Srs. Deputados do PCP: não só a

Ucrânia não faz parte do império soviético — e na altura em que fazia parte sofreu, e sofreu muito (quantos

ucranianos morreram para um dia terem a sua pátria e a sua liberdade?!) —, como o império soviético já não

existe!

Terceira realidade: mesmo a Rússia, Srs. Deputados, também já não é comunista! Até a Rússia, a que os

Srs. Deputados continuam tão ligados, também já não é comunista!

O Sr. João Oliveira (PCP): — Vejam lá o que descobriu! Que surpresa!

O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Ao apresentarem este voto, os Srs. Deputados não ficaram em 1974,

ficaram em 1917! Não perceberam que o mundo mudou! Não perceberam nada!

Aplausos do CDS-PP e do PSD.

Protestos do PCP.

E como se viu ainda há pouco, Srs. Deputados, estão enganados também: a Coreia do Norte não é o sol

na terra, nem é uma democracia exemplar! O mundo mudou, Srs. Deputados! O mundo mudou!

Risos do PCP.

O voto apresentado pela Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas e pela

Comissão de Assuntos Europeus, que foi apresentado pelo Sr. Deputado Sérgio Sousa Pinto,…

O Sr. Presidente (António Filipe): — Sr. Deputado, vai ter de ser breve para falar também desse voto.

O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Serei muito breve, Sr. Presidente.

Votaremos contra este voto apresentado pelo PCP, pelas razões que ficaram claras, e votaremos,

obviamente, a favor do voto apresentado pela Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades

Portuguesas e pela Comissão de Assuntos Europeus.

Em relação ao voto do Bloco de Esquerda, quero dizer o seguinte: não partilho toda a linguagem dos

considerandos, mas reconheço que, na parte resolutiva, o voto é sensato, é equilibrado, apela à conjugação

das várias sensibilidades — regionais, culturais —, às várias realidades existentes e ao direito fundamental de

o povo ucraniano escolher o seu caminho. Por isso, votaremos favoravelmente o voto do Bloco de Esquerda.