1 DE MARÇO DE 2014
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este Grupo Parlamentar votar favoravelmente o projeto de resolução do Bloco de Esquerda, projeto de
resolução n.º 966/XII (3.ª) — Recomenda a revisão do Acordo Ortográfico, que propõe uma metodologia de
acompanhamento totalmente diferente e que nos parece vaga e ineficaz.
Por último e pelas razões que foram sendo deixadas nesta declaração, o Grupo Parlamentar do PSD não
pode concordar com qualquer iniciativa que vise a suspensão ou a desvinculação do Acordo Ortográfico e por
isso votámos contra o projeto de resolução n.º 965/XII (3.ª) — Recomenda a criação do Instituto Português da
Língua, a renegociação das bases e termos do Acordo Ortográfico ou a desvinculação de Portugal desse
Acordo, apresentado pelo Grupo Parlamentar do PCP.
O Deputado do PSD, Amadeu Soares Albergaria.
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Relativamente aos projetos de resolução n.º 965 e 966/XII (3.ª), apresentados respetivamente pelo PCP e
BE, não obstante ter votado contra, tenho profundas reservas à aplicação do Acordo Ortográfico de 1990
(AO90) no nosso País, pelos motivos que abaixo exponho.
Reconhecendo que a Língua Portuguesa, tal como, de resto, todas as outras línguas vivas, se encontra em
permanente evolução, não me parece salutar que essa mesma evolução se faça de uma forma abrupta e
muito menos sem ter em conta os seus principais destinatários — todos os milhões de falantes e utilizadores
da Língua Portuguesa.
Apesar de ter nascido no nosso País, a Língua Portuguesa não é um património apenas dos portugueses,
podendo ter, inclusivamente, várias fonéticas e derivações (que só a enriquecem como língua mundial), tal
como outras línguas europeias mundialmente faladas e que nunca precisaram de acordos ortográficos desta
natureza.
Muito menos será, no meu entendimento, pela via da uniformização — impossível a todos os níveis, como,
de resto, está bem comprovado — balizada por critérios economicistas. A língua só será um fator económico
se globalmente aceite e compreendida.
No que diz respeito ao AO90, os mais recentes desenvolvimentos demonstram, inclusivamente, que
Portugal é o único País da CPLP que o adotou na íntegra, sem uma discussão prévia e aprofundada sobre a
sua aplicação. Países havendo (como o Brasil) com bastantes reticências na sua aplicação.
Seria de todo salutar, na senda do projeto de resolução n.º 890/XII (3.ª), apresentado pelo PSD e CDS-PP,
proporcionar-se um debate alargado no nosso País sobre o AO90, suas implicações e complicações.
Porque estamos sempre a tempo de corrigir, completar e avaliar, mais ainda quando se trata do nosso
maior património, a nossa língua.
O Deputado do PSD, André Pardal.
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No estrito cumprimento da disciplina de voto definida pela direção do grupo parlamentar a que pertenço,
votei em sintonia com as orientações recebidas.
Contudo, não posso deixar de marcar a minha posição relativamente ao assunto transversal aos três
diplomas em epígrafe — o Acordo Ortográfico, por entender que é uma matéria deveras importante e que
merece, na minha opinião, uma atenção especial de todos os portugueses e, em particular, da Assembleia da
República. Considero ainda que este era o momento adequado para que a Assembleia da República levasse a
cabo uma reflexão profunda sobre as consequências da implementação do Acordo Ortográfico nas escolas,
nos organismos públicos e na maioria dos órgãos de comunicação social, de modo a poder travar uma
situação que está a prejudicar a língua que todos falamos e que está espalhada pelo mundo, constituindo-se o
primeiro elo de ligação entre uma comunidade à escala mundial, independentemente das influências a que
cada uma está sujeita e que só a enriquecem e valorizam.
Em 2008, a apressada aprovação do Acordo Ortográfico não contemplou uma ampla auscultação da
comunidade científica. Hoje, a situação é bem diferente. Não podemos ignorar os constrangimentos e os