I SÉRIE — NÚMERO 57
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Na área do transporte aéreo, que também foi abordada na última audição, o Governo diz que se abstém
nestas matérias.
As companhias low cost têm contratos pouco transparentes ou pouco conhecidos. É reconhecido por todos
os intervenientes no setor que a TAP é fundamental para a angariação de clientes e para a promoção do
destino, contudo ela está para ser privatizada e o Governo diz que se abstém nestas matérias.
Outro setor onde há problemas, e já foi aqui referido, é o da restauração, que representa mais de 50% do
setor do turismo e onde Governo teima em manter a taxa de IVA mais elevada da Europa. Mas, para além do
problema do IVA, esse setor tem outros: o da lei das rendas, que está a «expulsar muitos restaurantes»; o dos
custos de contexto — a energia e os direitos de autor. Tudo isto são problemas que preocupam o setor e para
os quais não tem havido soluções.
Percebemos que o CDS tem muitas dificuldades em gerir a matéria do IVA, mas tem responsabilidades
políticas e tem de resolver o problema. É que o grupo interministerial que foi criado para se debruçar sobre o
problema do IVA apontava quatro cenários, e o Governo optou precisamente por um cenário de não fazer
nada.
O Sr. David Costa (PCP): — Muito bem!
O Sr. João Ramos (PCP): — Ainda relativamente à esta matéria, precisávamos de saber melhor quais são
as receitas do IVA. O PCP apresentou um requerimento para esse efeito há dois meses e estamos à espera
de resposta. É que este Governo não nos dá as receitas do IVA de 2011 e de 2012 — foi essa a informação
que pedimos — para percebermos quais são os valores declarados e os valores efetivamente cobrados.
Sabemos que, no ano 2010, foram cobrados menos 600 000 € do que o valor que foi declarado. O Governo
diz que cumpriu os objetivos, porque as receitas do IVA estão a aumentar, mas desde 2010 que não sabemos
quais são os valores.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Faça favor de terminar, Sr. Deputado.
O Sr. João Ramos (PCP): — Vou terminar, Sr. Presidente.
O Sr. Deputado Hélder Amaral fala nos sucessos, mas a esses sucessos estão sempre associados os
trabalhadores e não há dúvida que os trabalhadores são fundamentais para o setor do turismo. Há mais
precariedade, os salários são menores, há salários em atraso e há despedimentos. Enquanto os proveitos das
empresas aumentaram 10%, os salários dos trabalhadores reduziram pelo menos 6%.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Bem lembrado!
O Sr. João Ramos (PCP): — Como é que se fala em sucesso e, depois, esse sucesso não beneficia todos
os que estão envolvidos no setor? Por que é que os trabalhadores têm sempre que pagar uma parte do
sucesso das empresas? Por que é que associado ao sucesso que o senhor refere está sempre um processo
de concentração da riqueza?
Será caso para dizer, Sr. Deputado, parafraseando os vossos colegas de coligação, que o setor do turismo
está muito melhor mas os trabalhadores do turismo, esses, estão muito pior.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Hélder Amaral.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Sr. Presidente, começo por agradecer a forma coerente e simpática
com que o Srs. Deputados João Ramos e Nuno Encarnação me colocaram as suas perguntas.
Gostava ainda de referir mais alguns dados, para que não fique a ideia de que este crescimento do turismo
é feito com base no «esmagamento» de preços ou na pouca qualidade.
Vozes do PCP: — E os salários do trabalhadores!