20 DE MARÇO DE 2014
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possibilidade de certos mecanismos de recurso suspenderem os prazos de prescrição, dentro de certos
limites.
Não quero com isto dizer que este caso em concreto ou os casos concretos tenham a ver com os prazos.
Esses casos concretos devem ser avaliados e apuradas as respetivas responsabilidades. Se houve
prescrição, há responsáveis e os responsáveis têm de ser responsabilizados por esta situação lamentável.
Todos os órgãos de soberania devem cooperar para evitar situações como esta.
Este é o primeiro ponto que lhe quero aqui trazer.
Na minha segunda questão quero confrontá-lo com aquilo que consideramos ser a perseguição do seu
Governo aos trabalhadores portugueses, trabalhadores públicos e trabalhadores do setor privado.
Para além de o senhor ter promovido o maior aumento de impostos da nossa democracia — cerca de 33%
sobre o rendimento de pessoas singulares — e depois de ter feito cortes permanentes aos funcionários
públicos, o Sr. Primeiro-Ministro resolveu aumentar a contribuição dos trabalhadores da função pública para a
ADSE. Disse que era para garantir a sustentabilidade da ADSE.
Disse-lhe aqui, num dos últimos debates quinzenais, que estava contra e que isso não iria promover
nenhuma sustentabilidade; iria, pelo contrário, financiar a consolidação das contas públicas, o que era um
profundo erro, porque significava retirar mais rendimento, em cima do rendimento que já retirou, aos
funcionários públicos.
Vozes do PS: — Bem lembrado!
O Sr. António José Seguro (PS): — O senhor insistiu, dizendo que não. Pois bem, passou pela vergonha
de ter um veto político do Sr. Presidente da República,…
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Não tem!…
O Sr. António José Seguro (PS): — … precisamente com os mesmos fundamentos que o Partido
Socialista aqui enunciou no debate quinzenal.
Mas o mais grave é o seguinte: o Primeiro-Ministro, fora de qualquer consenso que, sobre essa matéria, se
pudesse obter, o que é que faz? Num único segundo, volta a repetir o mesmo erro e a entregar na Assembleia
da República uma proposta de lei. Quero dizer-lhe que essa sua medida é uma autêntica provocação aos
trabalhadores da função pública.
Aplausos do PS.
Mas há mais, Sr. Primeiro-Ministro: as provocações não param de aumentar em relação aos trabalhadores.
Quero confrontar o Primeiro-Ministro com um anúncio que surgiu, na imprensa, de que o Governo se
prepara para reduzir o montante das indemnizações para despedimentos sem justa causa. Quer dizer, já não
basta termos mais de 800 000 portugueses desempregados, mais de 300 000 inativos e ainda, àqueles
trabalhadores que são despedidos sem justa causa, o Governo, aparentemente, através de um acordo com a
troica, prepara-se para diminuir o montante da sua indemnização.
Vozes do PS: — Uma vergonha!
O Sr. António José Seguro (PS): — Isto é inaceitável e é imoral, numa democracia e num Estado de
direito democrático.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro (Pedro Passos Coelho): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado António José Seguro,
ouvi com muita atenção o que referiu a propósito das prescrições que vieram a público envolvendo processos