27 DE MARÇO DE 2014
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A Sr.ª Gabriela Canavilhas (PS): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Em primeiro lugar,
cumprimento calorosamente os portugueses que assinaram esta petição e que vieram lembrar ao País que
nem tudo se pode vender, de qualquer maneira e de forma impune. São mais de 10 000 portugueses que não
desistem de alertar o País para um ato que está em curso que consideramos de abuso de poder e de má
gestão de bens do Estado.
Srs. Deputados, é abuso de poder quando o Governo e o Estado se confundem e quando o Governo,
julgando-se dono do Estado, decide vender bens do Estado sem ter em conta o interesse público.
O Sr. José Magalhães (PS): — Muito bem!
A Sr.ª Gabriela Canavilhas (PS): — Foi o que quiseram fazer com a RTP e é o que querem fazer com a
TAP e com a Águas de Portugal.
É abuso de poder quando o Governo vende por atacado 85 obras de um dos mais importantes pintores do
século XX sem sequer as ter previamente inventariado para poder escolher e selecionar aquelas que deviam
ficar em Portugal pela sua importância e aquelas que podiam ser vendidas.
É má gestão quando o Governo prefere embolsar 35 milhões de euros num leilão, pagando 20% à leiloeira,
em vez de realizar receita nos próximos anos, nas próximas décadas, nos próximos séculos, simultaneamente
enriquecendo a oferta pública portuguesa.
O Sr. José Magalhães (PS): — Muito bem!
A Sr.ª Gabriela Canavilhas (PS): — E é manifestamente ilegal quando o Secretário de Estado da Cultura
atropela a lei do património, envergonhando Portugal aos olhos do mundo.
Aplausos do PS.
Para um Governo responsável o que pode não ser uma prioridade pode, por outro lado, ser uma
oportunidade.
Vozes do PS: — Exato!
A Sr.ª Gabriela Canavilhas (PS): — É isso que nós temos dito.
Defender o interesse público é não só agir no imediato mas pensar e preparar o futuro.
Mas, infelizmente, o que ouvimos foram declarações públicas do Sr. Secretário de Estado da Cultura e do
Primeiro-Ministro contra a permanência das obras em Portugal
Protestos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. José Magalhães (PS): — Ouçam!
A Sr.ª Gabriela Canavilhas (PS): — Olhe, sabemos hoje bem mais do que sabíamos no princípio desta
história.
Sabemos hoje que a venda destas obras esteve sempre na mira dos gestores deste património.
Sabemos também que foi tomada uma decisão política de venda destas obras, pela primeira vez, quando a
Ministra das Finanças deste Governo o anunciou, em 2012.
Sabemos, também, hoje, pelo Relatório e Contas de 2012 da Parvalorem, que só em dezembro de 2012 é
que era possível inventariar, vender, classificar, fazer fosse o que fosse com esta coleção. Portanto, hoje, já
sabemos alguma coisa!
Sabemos ainda que esta venda foi formalmente proposta à tutela, pelos seus gestores, em 2011, aceite
pela Secretária de Estado das Finanças, à altura, Maria Luís Albuquerque, em 2012, e defendida pelo
Primeiro-Ministro, Passos Coelho, em 2013 e 2014. São tudo factos que conhecemos hoje e contra factos não
há argumentos,…