I SÉRIE — NÚMERO 67
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A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, vamos prosseguir com o debate, entrando na fase das intervenções.
Até este momento, estão inscritos, pelo PS, o Sr. Deputado Pedro Marques e, pelo Bloco de Esquerda, o
Sr. Deputado Luís Fazenda.
Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Pedro Jesus Marques.
O Sr. Pedro Jesus Marques (PS): — Sr.ª Presidente, Sr. Vice-Primeiro-Ministro, restantes Membros do
Governo, Sr.as
e Srs. Deputados: Fazemos neste debate o balanço do processo de ajustamento. Nesse
quadro, referir-me-ei ao paradigma do Governo na implementação do Memorando, aos resultados destas
políticas e a um conjunto de lições para futuro.
Um paradigma: um Governo mais troiquista do que a troica a defender empenhadamente o
empobrecimento regenerador dos portugueses.
Senão, vejamos: Passos Coelho, a 6 de junho de 2011, admitiu mesmo, cito, «surpreender e ir mais além
[das metas] do acordo»; Passos Coelho disse, a 25 de outubro de 2011: «Não vale a pena fazer demagogia
sobre isto, nós sabemos que só vamos sair desta situação empobrecendo».
O resultado das políticas de quem defendeu este paradigma:
Um País em cinzas como resultado da duplicação da austeridade;
Desemprego galopante ao longo da aplicação do Programa, muito para lá de todas as previsões. Foram
destruídos mais de 330 000 empregos desde que o Governo tomou posse. A desesperança instalou-se…
Centenas de milhares apenas encontraram na emigração uma escapatória para a desastrosa situação do
País;
Níveis de pobreza em crescimento acelerado. A pobreza, em 2012, atingiu níveis que não se viam desde
2004 — estavam no Governo, na altura, o PSD e o CDS. Um dos maiores aumentos da taxa de pobreza num
único ano de que há memória em Portugal.
E, Sr. Vice-Primeiro-Ministro, por muita retórica inflamada por parte de V. Ex.ª, a matemática não engana:
por muito que aumente uns cêntimos uma pensão de 200 €, não retira um idoso da pobreza porque a linha de
pobreza é superior a 400 €.
A sua demagogia não engana os portugueses!
Aplausos do PS.
E não diga sequer que aumentou as pensões mínimas apesar da troica, porque estava previsto no
Memorando o aumento das pensões mínimas, das pensões mais baixas, apenas cumpriu o Memorando. Era
isso que estava previsto desde o início.
Aplausos do PS.
Já agora, Sr. Vice-Primeiro-Ministro, queira fazer o favor de explicar, porque verdadeiramente a sua
retórica não esconde, o facto de ter sido atingido no coração da sua retórica e do seu partido.
No ano de 2012, a pobreza em Portugal aumentou brutalmente. Mas aumentou também a pobreza dos
idosos, ao contrário do que disse. A pobreza absoluta, a pobreza ancorada, que não está dependente do
rendimento dos outros portugueses, aumentou de 20,1% para 22,4%, em 2012.
A Sr.ª Sónia Fertuzinhos (PS): — É isso mesmo!
O Sr. Pedro Jesus Marques (PS): — A pobreza desses idosos aumentou quando o senhor aumentou as
pensões mínimas. Curiosamente, tinha diminuído no ano que referiu como sendo o do congelamento das
pensões mínimas, porque os senhores desvalorizaram o complemento solidário para idosos, porque os
senhores também desvalorizaram a política social e o combate à pobreza em Portugal para os idosos, Sr.
Vice-Primeiro-Ministro!
Aplausos do PS.