I SÉRIE — NÚMERO 67
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Pausa.
Não havendo pedidos de palavra, vamos votar.
Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.
Sendo assim, Srs. Deputados, concluímos as votações e, tal como o Regimento prevê e foi anunciado, vão
ser de seguida proferidas declarações de voto orais relativas à votação final global do texto final, apresentado
pela Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública, relativo à proposta de lei n.º 184/XII (3.ª) —
Aprova a Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas.
Para o efeito, tem a palavra, em primeiro lugar, o Sr. Deputado Jorge Machado.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados, o PCP avocou hoje, para Plenário,
algumas das muitas propostas que apresentámos na discussão, na especialidade, da Lei Geral do Trabalho
em Funções Públicas e de alteração ao Código do Trabalho.
Ao que assistimos neste Plenário, hoje, foi a um veto de gaveta por parte da maioria, que não quis discutir
em Plenário as propostas que o PCP apresentou em sede de discussão na especialidade e que importava
discutir na fase final deste processo.
Vozes do PCP: — Exatamente!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — O PCP, com estas propostas — que a maioria PSD e CDS-PP não queria
ouvir —, prova que há outro caminho que não o de massacrar os trabalhadores.
Provámos que é possível construir uma legislação mais justa para quem trabalha, quer no setor privado,
quer na Administração Pública. O PCP propôs, no âmbito da Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas, o
vínculo público de nomeação para todos os trabalhadores, as 35 horas de trabalho para todos os
trabalhadores, quer da Administração Pública, quer do setor privado. Eliminámos todas as normas da
requalificação que visam despedir trabalhadores na Administração Pública e no que diz respeito ao Código do
Trabalho apresentámos alterações que visavam criar critérios justos, objetivos, determinados, que impediam a
discriminação e a escolha a dedo do trabalhador a despedir em caso de extinção do posto de trabalho.
O PSD, o CDS e o Governo dizem aos sete ventos que não há mais medidas de austeridade, que a troica
vai-se embora, mas estes diplomas provam que isso não é verdade. Esta Lei Geral do Trabalho em Funções
Públicas e esta alteração ao Código do Trabalho constituem mais medidas de austeridade, é mais troica no
nosso País. A troica e as suas medidas ficam cá, porque ficam cá PSD e CDS-PP.
E refiro um conjunto vasto de outros exemplos: o trabalho extraordinário, também aqui contando com o
apoio do PS; a tabela única, aprovada para a Administração Pública; as forças de segurança e o processo de
criação do seu estatuto especial, que, além de sucessivamente adiado, fica comprometido, porque os cortes
nos salários e nos direitos aplicam-se independentemente do seu estatuto especial.
Assistimos hoje, neste Plenário, a um exercício vergonhoso por parte da maioria PSD/CDS-PP de não
discutirem as alternativas. Querem fazer crer aos portugueses que não há caminho diferente. Mas
reafirmamos aqui: há alternativas, há um caminho diferente de construção de uma sociedade onde se respeite
quem trabalha, em que se valorizem os trabalhadores e a mais-valia que eles acrescentam para o País.
O caminho da troica, o caminho do PSD e do CDS-PP é o caminho de massacrar os trabalhadores da
Administração Pública e de massacrar os trabalhadores do setor privado. A teoria de que a troica está de
saída não justifica estas medidas. Mais: estas mesmas medidas provam que a troica está para ficar enquanto
PSD e CDS-PP não forem derrotados. É esse o apelo que também fazemos daqui a todos os trabalhadores,
pela união de todos os trabalhadores. Fica aqui provado que o ataque que esta maioria desfere é sobre todos
os trabalhadores, não havendo divisão entre trabalhadores do setor privado ou da Administração Pública.
Todos, absolutamente todos são vítimas desta política de desgraça nacional, pelo que todos são chamados a
derrotar este caminho e esta maioria, que impede o debate na Assembleia da República.
Aplausos do PCP.