4 DE ABRIL DE 2014
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Quanto ao processo especial de revitalização de empresas, entendemos necessário proceder à sua
avaliação, em particular das suas consequências para os trabalhadores, realizando os ajustamentos que
garantam que os direitos dos trabalhadores são integralmente respeitados.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares, do Bloco
de Esquerda.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Para dirimir, logo de início,
qualquer dúvida que possa existir, quero dizer que acompanharemos a proposta agora em discussão.
Contudo, não deixaremos de tecer algumas considerações sobre a matéria, porque, no seu preâmbulo, o
diploma aponta, e várias vezes, o dedo à Autoridade Tributária, a qual não faz nada mais, nada menos, do que
aplicar a lei.
O Sr. Cristóvão Norte (PSD): — Claro!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — E, por isso, ao apontar o dedo à Autoridade Tributária, o Partido
Socialista está a apontar o dedo a quem fez a lei, que foi o Governo do Partido Socialista. Bem, é o
reconhecimento de um erro… Esperemos que esse reconhecimento seja positivo e que se emende a mão no
sentido de resolver os problemas das pessoas.
Sabemos também que a situação reportada pelo Partido Socialista não domina toda a problemática das
insolvências no País. Sabemos que as insolvências decorrem dos problemas do mercado interno, decorrem de
políticas de austeridade que destruíram e arrasaram esse mercado interno, tratando-se de uma realidade com
a qual muitas famílias e muitos trabalhadores são confrontados quando as empresas ou as fábricas onde
trabalham são votadas à insolvência, porque as dívidas se acumulam, os produtos não se escoam e, nessa
situação, não há capacidade para manter a empresa.
Todavia, entendamo-nos, este não é o busílis da questão no que concerne ao Código da Insolvência e da
Recuperação de Empresas. Dissemos, desde o início, que a defesa dos direitos dos trabalhadores se faz por
via da manutenção em laboração das empresas — é óbvio que os postos de trabalho existem se as empresas
estiverem a funcionar —, mas os direitos dos trabalhadores também são respeitados se, havendo, em última
análise, insolvência da empresa, os direitos e os pagamentos aos trabalhadores forem das primeiras
obrigações a terem de ser cumpridas, enquanto credores das empresas, coisa que não acontece com o atual
Código da Insolvência. E isso não acontece porque o Partido Socialista e os partidos da maioria quiseram que
assim fosse.
Ora, a defesa dos direitos dos trabalhadores também passa por reconhecer que os seus direitos e os seus
salários valem mais do que a dívida ao banco, do que a dívida a outros fornecedores, do que a dívida a outros
privados.
Ao nível destas escolhas, muito há a melhorar no Código da Insolvência, não escondemos isso, em todo o
caso acompanharemos este pequeno passo que é dado com a proposta em debate, que achamos que é
positiva, pelo menos para algumas situações que foram hoje identificadas.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Rui Paulo Figueiredo para uma segunda intervenção.
O Sr. Rui Paulo Figueiredo (PS): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Gostaria de deixar três breves notas.
Sr. Deputado Cristóvão Norte, como é habitual por parte dos Deputados da maioria em muitos debates, o
senhor foi ainda mais extremista do que o próprio Governo. Trouxe aqui uma visão ideológica de uma certa
destruição criativa, de acabar com as empresas, de acabar com alguns setores. Não é essa a nossa visão da
economia e das empresas.