I SÉRIE — NÚMERO 72
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corresponde à realidade? Não é «número» nenhum! São os números da realidade! Se o Sr. Deputado não
gosta, temos pena!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Mude-se a política!
A Sr.ª Cecília Honório (BE): — Mas bem-vindo ao debate se a sua intenção for como a minha, aliás, como
a nossa, que é a de mudar as políticas e de encontrar uma resposta para esta situação dramática.
Queria retificá-lo numa afirmação que aqui fez. É que eu mencionei as ditas 1000 vagas a criar e, pelo que
sabemos, são 700, até ao presente. Sr. Deputado, mesmo que não goste, aquilo que eu disse é que elas não
respondem às necessidades nem sequer do presente, quanto mais do futuro, se a situação continuar como
está.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — É verdade! Muito bem!
A Sr.ª Cecília Honório (BE): — Portanto, o desafio é este: bem-vindo ao debate se o debate for para
alterar as políticas e para responder à situação dramática que se vive nos nossos estabelecimentos prisionais,
no plano da defesa dos direitos da população detida. São direitos mínimos! Não podemos continuar a ouvir
falar nem de castigos, nem de fome, nem de doenças que não são tratadas a tempo. Não podemos, Sr.
Deputado! Não podemos! A austeridade não justifica tudo! A austeridade não pode continuar a justificar, no
que às cadeias diz respeito, a sub-humanidade das condições de vida quer de detidos, quer dos próprios
profissionais que acompanham esta população.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Srs. Deputados, fica assim concluído o primeiro ponto da agenda.
Vamos prosseguir com a apreciação do segundo e último ponto da nossa ordem de trabalhos de hoje, que
consiste na petição n.º 295/XII (3.ª) — Apresentada por Domingos Manuel Ribeiro de Freitas e outros,
solicitando à Assembleia da República a integração de todos os técnicos de diagnóstico e terapêutica em
exercício de funções públicas na administração central com o grau mínimo de licenciatura na carreira de
técnico superior.
Imaginem as Sr.as
e o Srs. Deputados que não há ninguém inscrito para intervir sobre esta matéria.
Pausa.
A Mesa regista, agora, a inscrição da Sr.ª Deputada Isabel Santos.
Tem a palavra, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Isabel Santos (PS): — Sr.ª Presidente, com certeza que haverá mais inscrições dos restantes
partidos, apenas ficarão a aguardar a melhor oportunidade.
Srs. Deputados, antes de mais, gostaria de dirigir uma saudação aos cerca de 4220 peticionários que aqui
trazem a sua pretensão de verem estes profissionais, os técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica,
integrados na carreira de técnico superior.
Falamos de profissionais que, para o acesso ao seu exercício profissional, passe o pleonasmo, é exigido o
nível de licenciatura desde o ano de 2003. Este é um problema que advém da forma, muitas vezes, pouco
racional e organizada do modo como se desenvolveram as carreiras da Administração Pública ao longo dos
anos.
Como é sabido, em 2008, por ação do Governo do Partido Socialista, com a lei de carreiras e de
remunerações tentou introduzir-se uma certa racionalidade dentro de todo o sistema de carreiras, pelo que
surge a carreira de técnico superior, englobando uma série de carreiras às quais são exigidas exatamente o
grau de licenciatura.
No entanto, estes profissionais continuaram integrados numa carreira especial, que, forçosamente, tem de
ser revista, não só por uma questão de reconhecimento sob o ponto de vista remuneratório e das