I SÉRIE — NÚMERO 73
30
Queremos erradicar a pobreza, sim, queremos! Todos queremos erradicar a pobreza, disso não tenho a
mínima dúvida, e queremos debelar substancialmente as desigualdades sociais.
Mais: sabemos qual é o caminho e o Governo está a seguir este caminho. Primeiro, pôr as contas públicas
em ordem — está a fazê-lo; segundo, fazer com que na economia crescer — está a crescer; terceiro,
aumentar o emprego — está a aumentar; quarto, diminuir o desemprego — está a diminuir; quinto, está a criar
mecanismos de sensibilidade social para uma melhor redistribuição da riqueza quando formos capazes de a
criar, repito, quando formos capazes de a criar.
Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, termino dizendo que não podemos retomar o tempo das ilusões
doces com que o PS nos embalou nos últimos anos da sua governação. Não tínhamos dinheiro e, no entanto,
continuávamos a gastar de uma forma perdulária. Depois, veio a fatura interna, em 2010, e, em 2011, veio a
fatura externa. Não queremos que estas faturas continuem a chegar a Portugal, porque, Sr. Presidente e Srs.
Deputados, os primeiros a sofrer amargamente são, obviamente, os mais pobres, são aqueles que têm menos
rendimentos e temos de estar muito atentos a que circunstâncias destas não se repitam na nossa história, que
sobretudo nos envergonham a nós que temos a responsabilidade política de dirigir o País-
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Machado.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, Srs. Deputados, ao contrário do que todos os
dados indicam — a dívida aumentou para 130%, o défice continua elevado, o desemprego atingiu 1,4 milhões
de trabalhadores portugueses, a pobreza atinge 2,6 milhões de portugueses —, apesar de todos estes dados,
afirmamos que o Governo não fracassou, não fracassou no combate à pobreza porque nunca foi essa a
intenção.
Vozes do PCP: — Exatamente!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — O Governo nunca teve a intenção de diminuir a pobreza no nosso País,
antes pelo contrário; o objetivo é concentrar a riqueza em meia dúzia de grupos económicos e, por isso e para
isso, é preciso empobrecer milhares de portugueses.
A verdade é que, num ano em que os portugueses passaram cada vez mais fome, em 2013, a EDP
registou 105 milhões de euros de lucro, a Portucel, registou 210 milhões, o BES registou 517 milhões, a Galp
registou 510 milhões, a Sonae registou 319 milhões, a Jerónimo Martins registou 382 milhões. Os lucros
sempre a aumentar e as três maiores fortunas pessoais aumentaram em 17% a sua riqueza.
Portanto, está comprovado que o objetivo é concentrar a riqueza à custa de milhares e milhares de
portugueses a passar fome.
Vozes do PCP: — Exatamente!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Como o Governo não consegue justificar isto, por um lado, tenta negar a
realidade e, por outro, recorre à falsidade.
Na semana passada, o Sr. Ministro Paulo Portas recorreu à mentira dos 100 000 euros relativamente aos
cortes no rendimento social de inserção e hoje tivemos o Ministro Mota Soares a dizer que existiam 500 000
beneficiários de rendimento social de inserção, coisa que nunca existiu.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Tem de concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Vou terminar, Sr. Presidente.
No nosso País, a pobreza apenas vai ser combatida quando houver uma melhor distribuição de riqueza, e
isso, infelizmente, não é com este Governo de desgraça nacional, pois promove a sua concentração.
Aplausos do PCP.