I SÉRIE — NÚMERO 74
20
Sr.ª Deputada Hortense Martins, deixe-me dizer-lhe que apreciei aqui — e, nesta bancada, penso que
posso falar pela maioria — o não do PS ao haircut, o não do PS ao «corte de cabelo». Presumo que seja essa
a linha oficial do Partido Socialista, se bem que se saiba que não é consensual no seu grupo parlamentar, mas
essa é uma posição que registo.
De resto, a Sr.ª Deputada disse que o investimento tinha caído 30%, e é verdade até ao 2.º trimestre,…
Protestos da Deputada do PS Hortense Martins.
Deixe-me responder, Sr.ª Deputada.
Como estava a dizer, é verdade que até ao 2.º trimestre de 2013 o investimento caiu, mas, entretanto, o
investimento recuperou, e recuperou bem, nos 3.º e 4.º trimestres. E recuperou, Sr.ª Deputada, em máquinas
e equipamentos, que são o investimento mais reprodutivo, não em construção. Esperamos, e penso que os
senhores também esperam, que esta tendência se possa manter.
Mas a Sr.ª Deputada não está satisfeita com esta recuperação do investimento?
A Sr.ª Hortense Martins (PS): — Sim, mas…
O Sr. Miguel Frasquilho (PSD): — Ah, bom! É que podia tê-lo referido!
A Sr.ª Hortense Martins (PS): — Mas recuperou tão pouco!…
O Sr. Miguel Frasquilho (PSD): — Só se pronunciou sobre a queda. Muito bem, a queda existiu, mas, Sr.ª
Deputada, já estamos em recuperação.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Peço-lhe que conclua, Sr. Deputado.
O Sr. Miguel Frasquilho (PSD): — Vou dizer-lhes o seguinte, Srs. Deputados: a verdade é que a espiral
recessiva foi uma miragem. Neste momento, o País está a recuperar, os portugueses vão sentir estas
melhorias na sua vida, mais cedo ou mais tarde, e nós esperamos e temos confiança de que será muito mais
cedo do que tarde.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Jesus
Marques.
O Sr. Pedro Jesus Marques (PS): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Debatemos hoje um projeto
de resolução do PCP, que aqui apresenta a sua versão da renegociação da dívida, a sua versão sobre
Portugal no espaço europeu.
É sabido que o Partido Socialista discorda desta política de austeridade em dobro que tem vindo a ser
desenvolvida pelo Governo. Mas, com clareza, não podemos partilhar a via do PCP, esta via que considera
que a dívida é «em parte ilegítima». O Partido Socialista é, sem tibiezas, pelo cumprimento das obrigações de
um Estado soberano, representado em cada momento por governos legítimos.
O PCP tem de saber quais são as consequências desta declaração de ilegitimidade da dívida: uma
interrupção mais do que certa do financiamento de Portugal. Como tem de saber as consequências da saída
do euro, que o próprio cabeça de lista do PCP às eleições europeias vem defendendo de modo repetido.
Recentemente, na apresentação da sua candidatura, o cabeça de lista da CDU às eleições europeias,
afirmou o que passo a citar: «É hoje evidente que a integração de Portugal na união económica e monetária e
a adesão ao euro foram decisões erradas, com consequências devastadoras para o nosso País. Como é
evidente que o futuro do País é inviável dentro do euro», disse João Ferreira.