17 DE ABRIL DE 2014
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O Sr. Deputado Miguel Tiago fez aqui afirmações que, de facto, deixam-nos perplexos. Então, quando o
País teve de pedir ajuda externa, em abril de 2011, assinámos um compromisso para um empréstimo de 78
000 milhões de euros, que é endividamento a mais, e o senhor queria que o endividamento público se
reduzisse?!
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Não é verdade!
O Sr. Miguel Frasquilho (PSD): — Sr. Deputado, há de explicar-me que contas é que faz, mas,
provavelmente, são contas de «sumir», não são contas que estejam certas.
Finalmente, Srs. Deputados, deixem-me dizer-vos que já em 2011 e 2013 beneficiámos de melhorias nas
condições de pagamento da nossa dívida, quer em alongamento de maturidades quer na redução dos juros, e
estou certo que o facto de Portugal ter sido um País cumpridor perante esta troica e estes credores pode fazer
com que, no futuro, possamos ter novas melhorias de condições para que toda a gente perceba e se torne
claro que a nossa dívida é absolutamente sustentável.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado José
Luís Ferreira.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Miguel Frasquilho, o senhor voltou
a acenar ou, pelo menos, a sugerir a tese que associa a renegociação da dívida ao «não pagamos».
É caso para dizer: que mais terá de acontecer aos portugueses para, finalmente, os partidos da maioria
perceberem que a renegociação da dívida é a única forma de pagar? Quantos mais sacrifícios serão
necessários? Quando mais pobreza será necessária? Quanto mais desemprego será necessário para que os
partidos da maioria compreendam que a renegociação da dívida representa o único caminho para o seu
pagamento?
Sr. Deputado, podemos dar as voltas que quisermos, mas há uma verdade que é incontornável: não há
nenhum povo que consiga pagar seja que dívida for se não criar riqueza. Sem a criação de riqueza não há
forma de pagar dívida.
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Não há volta a dar!
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — E só há uma forma de criar riqueza: chama-se produção. Ora,
para haver produção, para colocar a nossa economia a mexer, para criar postos de trabalho é necessário
investimento público de qualidade.
Mas diz o Sr. Deputado: não há dinheiro para investimento público, porque o dinheiro que há é todo para
pagar os juros da dívida. Ou seja, se não há dinheiro para canalizar para a nossa economia, não há produção;
se não há produção, não há criação de riqueza; se não há criação de riqueza, não há forma de pagar dívidas.
Vozes do PCP: — Claro!
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Estamos, assim, perante uma evidente constatação: quem
pretende o «não pagamos» não são aqueles que defendem a renegociação da dívida mas, sim, os que se
recusam a considerá-la.
Isto parece-me absolutamente elementar, porque se não há dinheiro para pôr a economia a mexer, uma
vez que o dinheiro que há é todo para pagar os juros da dívida, então, teremos de renegociar a dívida para
conseguir alguma folga, para canalizar recursos para a nossa economia, para a nossa produção e, assim, criar
riqueza, para, dessa forma, tornar possível o pagamento da dívida.
Portanto, se queremos, de facto, pagar a dívida não há outro caminho senão o da renegociação.