I SÉRIE — NÚMERO 83
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O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, pode ser que a minha
observação de reconhecimento pelo esforço dos portugueses o possa chocar, mas, na verdade, julgo que é
estranho que possa sentir-se chocado pelo facto de os portugueses, depois de três anos de Programa de
Assistência Económica e Financeira, terem conseguido garantir o que o Governo anterior não garantiu: acesso
a financiamento para a economia (que esteve em causa em 2011) e a possibilidade de ter um Estado que se
compromete, e realiza, com os deveres sociais.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — E em 2013?!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Se nós não tivéssemos executado este Programa com o nível de satisfação
que obtivemos, então, Sr. Deputado, os portugueses teriam muitas razões para estarem preocupados, porque
significaria que o Governo e o Estado não estariam em condições nem de garantir as suas pensões, nem os
seus salários, nem o financiamento à economia, nem às suas empresas, nem às suas famílias.
Por isso, Sr. Deputado, quem está no Governo não olha com os olhos dos banqueiros, olha, sim, com os
olhos dos portugueses que, em 2011, estiveram à beira do precipício financeiro e da falência e que hoje não
estão. Foi para defender o Estado social, para defender as famílias e para defender o País que este Programa
foi concretizado.
Sr. Deputado, há realmente uma diferença: nós executámos um Programa que não negociámos…
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Mas subscreveram!
O Sr. João Oliveira (PCP): — O Catroga esteve lá!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … e fomos, evidentemente, ajustando-o à realidade do País. Durante todo
esse tempo, não só substituímos medidas como demos a cara por aquilo que era preciso fazer. Não vi, até
hoje, o Partido Comunista Português dizer aos trabalhadores, aos desempregados, às famílias que vivem com
dificuldades, que medidas teria adotado para tirar o País da bancarrota.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Está distraído!
O Sr. Primeiro-Ministro: — O Sr. Deputado não o diz. A não ser, evidentemente, aquela fórmula muito
larga e pouco concisa que refere «renunciar a dívida e ir buscar aos ricos».
Sr. Deputado, veja bem a ironia do destino: fomos buscar aos ricos o que nenhum Governo foi buscar ao
longo de todos estes anos!
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Eles tiveram cortes salariais maiores do que todos os outros e deram um contributo, fosse nas pensões
douradas, fosse nos salários mais elevados, pela sobretaxa do IRS. Pagaram mais do que todos os outros.
E, Sr. Deputado, com os nossos parceiros e com os nossos credores, estendemos os prazos para pagar a
dívida pública pelos empréstimos que nos foram concedidos e conseguimos também baixar o nível dos juros
que tinham sido contratados pelo Governo anterior de tal maneira que não pagamos hoje mais juros pela
dívida que contraímos do que países que têm um rating muito elevado.
Portanto, Sr. Deputado, as soluções do Partido Comunista são falsas soluções.
A verdade, a verdadinha é que, quando é preciso ir buscar o dinheirinho e resolver a situação das pessoas,
há uns que prometem tudo a toda a gente e há outros que dão a cara pelas medidas que salvam
verdadeiramente o Estado social e os portugueses.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Entretanto, assumiu a presidência o Vice-Presidente Guilherme Silva.