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29 DE MAIO DE 2014

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fizeram — e a capacidade de defender os nossos valores, olhos nos olhos, pelo País fora. Esta foi a marca

que trouxemos a estas eleições, como eu disse, não com o resultado que desejávamos, não com o resultado

de que estávamos à procura, mas com o resultado que respeitaremos e sobre o qual refletiremos.

Permita-me que lhe faça algumas perguntas, tendo em conta algumas ideias da sua intervenção.

Disse o Sr. Deputado que a maioria não tinha motivos de satisfação quanto aos resultados eleitorais e que

iria refletir sobre os resultados e sobre o que ouviu na campanha eleitoral.

Pergunto-lhe, então, qual é a extensão dessa reflexão e, se, de facto, a maioria admite que a sua política

estava errada e que a austeridade foi o que afastou os portugueses destas eleições.

A palavra é um ato de confiança e, por isso, a partir do momento em que se rasga a palavra é traída a

confiança e nós sabemos que, em política, a confiança é de ouro e, como o povo diz, quando ela se rasga é

muito difícil alcançá-la novamente.

Sabemos que muitas pessoas deixaram de votar porque a confiança foi rasgada.

Quando falamos em palavra e em confiança falamos também nas promessas que existiam e que não foram

cumpridas pelo Governo: a promessa de não cortar salários; a promessa de não cortar pensões; a promessa

de não ter uma austeridade com a dureza a que hoje estamos a assistir. Sobre estas promessas, pergunto que

mudanças é que o Governo vai fazer, que mudanças é que o CDS vai levar a cabo e quais são as perspetivas

de alteração a estas políticas.

O CDS está comprometido com o tratado orçamental, o qual ficou altamente colocado em causa nestas

eleições, e que o tratado orçamental é o norte de muitas das políticas do Governo. Ora, assim sendo, como

consegue resolver este paradoxo de dizer que quer mudar quando é o tratado orçamental que garante que

quem o defende manterá tudo igual?

Creio que é esta a resposta que se pede perante a reflexão que hoje aqui prometeu fazer.

Aplausos do BE.

A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Filipe Lobo d´Ávila.

O Sr. Filipe Lobo d’Ávila (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, quero também cumprimentar as Sr.as

Deputadas

Paula Santos e Heloísa Apolónia e o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares pelas perguntas que me colocaram.

A Sr.ª Deputada Paula Santos disse que isto é uma tentativa de fuga. Sr.ª Deputada, não há fuga

nenhuma, inclusivamente comecei por felicitar a CDU pelo resultado que obteve, embora esse resultado não

tenha significado uma duplicação de votos, significou mais 2%, mais um mandato. Estão, de facto, de

parabéns por esse resultado, conseguiram capitalizar algum voto de protesto.

A Sr.ª Deputada utiliza, depois, a questão da moção de censura para chegar a uma tese de falta de

legitimidade do Governo, e fala numa moção de censura que terá sido apresentada pelo CDS em 2009 e que

isso mesmo demonstra uma alegada incoerência do CDS por a ter apresentado nessa altura. E eu pergunto-

lhe, Sr.ª Deputada: como é que a CDU votou essa moção de censura em 2009? Recorda-se?!

O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Ora!…

O Sr. Filipe Lobo d’Ávila (CDS-PP): — Eu digo-lhe, Sr.ª Deputada: nessa altura, a CDU absteve-se e

segurou o Governo do Partido Socialista!

Aplausos do CDS-PP.

Vozes do CDS-PP: — Exatamente!

O Sr. Filipe Lobo d’Ávila (CDS-PP): — Portanto, sobre coerência, acho que estamos conversados.

Em todo o caso, deixe-me dizer-lhe que nós continuamos e continuaremos em funções até ao fim do nosso

mandato, procurando recuperar a confiança dos portugueses, ultrapassando uma fase de Portugal muito difícil,

sobretudo por uma simples razão: os dois partidos que fazem parte do Governo ganharam nas urnas o direito