I SÉRIE — NÚMERO 88
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missões, mas também é verdade que existem limites constitucionais a essa participação. Portanto, o ideal era
ter feito a alteração constitucional e, assim, termos isto tratado.
Como se sabe, neste momento não tínhamos possibilidade — porque é preciso dois terços para mudar a
Constituição — de ter o Partido Socialista no barco, salvo seja, para essas mudanças constitucionais.
No entanto, Sr. Ministro, o primeiro elogio, neste caso, é o da coerência na alteração dos documentos para
proceder à primeira alteração do Conselho Estratégico. Mas o que vou referir, e está igualmente aqui em
causa, também é importante.
Recordo-me que a reforma de 2009, do Partido Socialista, que teve o voto favorável do PSD e a nossa
abstenção, teve a ver com um aspeto importante, que foi o reforço do poder do CEMGFA (Chefe de Estado-
Maior General das Forças Armadas) em tudo o que é matéria operacional das Forças Armadas. Esta lei
densifica essas funções e esses poderes do CEMGFA e, portanto, estranho um bocado as críticas feitas pelo
Partido Socialista, porque quem iniciou este processo de reforço, e bem, das funções do CEMGFA, não em
detrimento dos ramos mas para melhorar a eficácia na execução das políticas por parte dos ramos, foi o
Partido Socialista.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. João Rebelo (CDS-PP): — Aliás, se estão recordados, o artigo que definia as funções do CEMGFA,
que, à época, só tinha as alíneas a), b), c) ou d), na época do Partido Socialista passou a ter alíneas até à
penúltima letra do abecedário, só não tinha a alínea z) — aliás, levantei essa questão —, tal era o reforço das
funções do CEMGFA em relação a estas matérias. Portanto, isto densifica essa alteração e é importante.
Por outro lado, também corrige excessos que apontei, à época. Se estão recordados, nessa época, a
estrutura criada falava de um Estado-Maior conjunto, de um comando operacional conjunto, etc., etc.. Eram
estruturas a mais para o que existia.
Aliás, a crítica que é feita não é verdadeira. O Governo, nesta alteração, prevê a redução das estruturas
sob dependência do CEMGFA, e isso é importante, porque eram estruturas a mais, como sabemos, e a crítica
que fiz em 2009 revelou-se tão verdadeira que as pessoas que desempenharam funções como CEMGFA,
posteriormente, também disseram que eram estruturas a mais para o que era necessário.
Portanto, o Governo não só reforça as funções como também altera o próprio dispositivo e a estrutura que
temos no Estado-Maior-General das Forças Armadas, o que também é importante porque facilita, evita
redundâncias, etc., mas reforça, é verdade, nas áreas da saúde e da educação, o que é debatível, é discutível,
mas é um passo muito importante para a simplificação e uma atuação objetivamente mais válida das Forças
Armadas nestas matérias.
Finalmente, gostaria também de abordar a questão que tem a ver com o reforço do poder da Assembleia
da República. E aqui manifesto, desde já, a abertura do CDS nesta matéria em relação às propostas do
Partido Comunista Português, sobretudo em relação ao Conceito Estratégico de Defesa Nacional, porque a
Assembleia da República passa a ter, em minha opinião, um papel muito importante.
Foi aqui dito no debate das Grandes Opções do Conceito Estratégico de Defesa Nacional que o
Parlamento só discutia e não aprovava absolutamente nada. Ora, passa a ter um papel relevante. E aqui
temos, indiscutivelmente, de elogiar o Governo, porque é este Governo, com esta maioria, que vai aprovar
esta alteração de fundo. Tivemos vários conceitos estratégicos de defesa nacional e grandes opções que
foram debatidas sem serem aprovadas, e é este Governo que o está a fazer, em 2014. Convém também
lembrar quem é responsável, ou não, por estas alterações.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
Sr.ª Presidente, Sr. Ministro da Defesa Nacional, Sr.as
e Srs. Deputados, acusar esta legislação de não
reforçar o poder do Parlamento é, no mínimo, estranho e bizarro, numa leitura atenta e despartidarizada
destas questões.
Quanto à questão da apreciação, termo que pode levantar aqui dúvidas sobre o que é que realmente
queremos, reforça também o poder da Comissão de Defesa, sobretudo, nestas questões.