I SÉRIE — NÚMERO 89
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Aquilo que o PCP aqui propõe, muito claramente, é que se reconheça ao povo português o direito de
decidir soberanamente sobre o seu destino. E isso os senhores recusam.
Aplausos do PCP.
Recusam-no com base em cenários fantasmagóricos que os senhores inventam, porque aquilo que
interessa discutir é o caminho para que este Governo tem conduzido o País.
O Sr. Primeiro-Ministro, há uns tempos, numa reunião do PSD, teve uma tirada que ficou célebre, que foi a
de dizer «o Governo segue a sua política e que se lixem as eleições!». Ora, aquilo que o Sr. Primeiro-Ministro
nos vem hoje aqui dizer é mais do que isso, isto é, «que se lixe o resultado das eleições!». Mas isso o povo
português não pode consentir.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Francisco Lopes, o Sr. Deputado reproduziu, no
essencial, aquilo que está na moção de censura do Partido Comunista e que o Sr. Deputado Jerónimo de
Sousa já havia perguntado.
O Sr. Deputado associa a derrota nas eleições, que disse ser colossal, à necessidade de o Governo se
demitir.
Sr. Deputado, o Governo concluirá o seu mandato parlamentar soberanamente, porque é isso que lhe
compete.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — O País não terá à frente do atual Governo um Primeiro-Ministro que vira a cara
às suas responsabilidades no País e que se assusta com os resultados das eleições que não são as eleições
legislativas.
Este Governo será julgado nas eleições legislativas de 2015 e, até lá, mantém a sua legitimidade
democrática.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Mas, Sr. Deputado, aproveito para lhe pedir um esclarecimento, já que o Sr.
Deputado Jerónimo de Sousa não respondeu. Afinal, em que ficamos? O Partido Comunista defende ou não a
saída de Portugal do euro?
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Sim ou não?!
O Sr. Primeiro-Ministro: — É uma resposta simples, para nós percebermos, não é uma reflexão. Todos
nós fazemos reflexões, mas, depois, temos de tirar conclusões. A conclusão a que o Partido Comunista
chegou, porque já refletiu muito sobre esta matéria, qual é?
O Sr. António Filipe (PCP): — Não ouviu o que eu disse? Não quis ouvir!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Afinal, devemos ou não sair? Gostava de ouvir a sua resposta.
Diz o Sr. Deputado Adão Silva que é necessário fazer uma avaliação do que representou este período de
ajustamento da nossa economia, face à premissa de que era importante não deixar ninguém para trás. Julgo,
Sr. Deputado, que a resposta mais óbvia que lhe posso dar é o facto de, apesar das dificuldades imensas que
enfrentámos, termos sido capazes de preservar o Estado social e a coesão social do País. E esse é o
resultado mais importante.