31 DE MAIO DE 2014
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Não disponho de tempo para lhe recordar como foi útil o envolvimento de todo o terceiro setor em Portugal
— fi-lo ontem, de resto — para garantir essa coesão social no País. Mas é evidente que o facto de o Governo
ter empreendido um programa de emergência social que acompanhasse a emergência financeira foi muito
importante também para esse efeito.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Deputada Paula Santos pergunta com que legitimidade é que o Governo vai prosseguir a política que
consta do seu Programa, que está nos compromissos externos que o País assumiu e que tem vindo a ser
aprovada neste Parlamento, com que legitimidade vai o Governo fazer a reorganização dos serviços públicos,
adaptar o mapa judiciário, consolidar a rede de escolas básicas.
Sr.ª Deputada, eu respondo-lhe. Sei que isto pode parecer-lhe um pouco estranho e bizarro, mas é a
verdade: o Governo vai fazê-lo com a legitimidade do Parlamento, com a legitimidade que a Constituição lhe
confere através do Parlamento, que é escolhido pelo povo.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Sr. Deputado Miguel Santos, é verdade que precisamos de explorar também aos olhos dos portugueses as
contradições do Partido Comunista Português. E elas começam a ser muitas, como já verificámos, mas há
uma a que o Partido Comunista ainda não respondeu também de forma clara.
O Partido Comunista Português precisa de dizer qual é a dívida ilegítima que considera existir em Portugal.
Qual é essa dívida ilegítima?
O Sr. João Oliveira (PCP): — A dívida assumida pelos crimes do BPN!
O Sr. Primeiro-Ministro: — E qual é a dívida legítima que quer renegociar? Os portugueses não percebem
e o Partido Comunista não esclarece, porque só fala das consequências negativas da crise.
Porém, uma coisa sabemos: a renacionalização monetária corresponderia hoje, em Portugal, ao maior
esbulho que poderia haver às poupanças dos portugueses, que ficariam incapazes de aceder às suas
poupanças para evitar fugas de capitais e teriam ainda de suportar desvalorizações monetárias acima de 30%.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Talvez o Partido Comunista tenha interesse em informar os portugueses dessas consequências das suas
políticas.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Não quer discutir o BPN?
O Sr. Primeiro-Ministro: — Concluo respondendo ao Sr. Deputado António Filipe, que disse que os
portugueses deviam decidir soberanamente sobre o seu destino.
Sr. Deputado, eu julgava que os portugueses, desde que esta Constituição democrática entrou em vigor,
tinham sempre decidido soberanamente os seus destinos…! Nem sempre decidiram de acordo com a vontade
do Partido Comunista Português, é verdade.
Mas, Sr. Deputado, não foi com certeza contra a vontade dos portugueses que ingressámos na União
Europeia, na então Comunidade Económica Europeia, e que participámos no projeto do euro, porque todos os
partidos que governaram Portugal dentro desse regime se candidataram a eleições livres com esse programa
e com esse projeto, mesmo que, em certas alturas, alguns deles vacilem perante as suas convicções. Não é,
seguramente, o caso dos portugueses.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Protestos do Deputado do PCP Francisco Lopes.