I SÉRIE — NÚMERO 90
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Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — A Mesa não regista qualquer inscrição, o que não significa,
necessariamente, que este debate esteja concluído.
Pausa.
Inscreveu-se, para uma intervenção, o Sr. Deputado Hugo Lopes Soares, do PSD.
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: O debate que hoje fazemos
convoca todas as bancadas, todos os agentes políticos, mas reclama também o envolvimento de toda a
comunidade. Uma administração mais transparente e próxima do cidadão, um País determinado em erradicar
todo o fenómeno de corrupção são pressupostos essenciais para cumprirmos o princípio fundamental do
Estado de direito democrático que todos construímos e que nós somos.
Mas este é um debate que deve ser feito de forma séria, sem demagogias ou cedências ao populismo fácil
e eleitoralista. A discussão do caso concreto, do imediatismo ou mediatismo, apenas tem contribuído para o
aumento da suspeição e para o aumento do alarme social, que tantas vezes é exagerado.
Mais: toda a discussão que pretenda ser apenas preocupada com as luzes da ribalta e tenha, como objeto,
ocupar a luz mediática é um contributo que todos damos, infelizmente, para o afastamento dos cidadãos da
vida pública e para a desconfiança nas organizações e instituições.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — É, por isso, importante deixar, desde já, claro que para esse debate
não contam connosco.
Como sempre fizemos no passado e fazemos no presente, damos prioridade ao combate por um Estado
mais transparente e por uma vida pública mais escrutinada. Este é um património que assumimos e do qual
temos orgulho.
Assumimos, sem preconceitos ideológicos, que um Estado mais transparente é um Estado que não cultiva
a subsidiodependência. É um Estado mais simples e eficaz. Um Estado mais transparente é também um
Estado que custe menos aos contribuintes e, por isso, mais leve e mais moderno. É um Estado para os
cidadãos e não virado sobre si mesmo.
Aplausos do PSD.
E é com este objetivo que trabalhamos todos os dias, é nesse caminho que queremos cumprir Portugal.
Mas é também por isso que todos devemos travar um combate sem tréguas à corrupção. Ela mina a
integridade da democracia. Por isso, temos que construir um País onde a justiça funcione, onde a impunidade
não reine, onde a simplicidade de procedimentos e da máquina administrativa não dê espaço à opacidade. Foi
por isso que revisitámos o Código Penal e o Código de Processo Penal, foi por isso que fizemos uma
verdadeira reforma do processo civil e é nisso que estamos apostados. Este tem sido um objetivo prioritário
desta maioria e dele não nos desviaremos.
Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, discutimos hoje, por iniciativa do Partido Socialista, três diplomas.
Três diplomas que merecem a nossa reflexão e o nosso comentário.
Cumpre, em primeira análise, dizer que a transparência e a luta contra a corrupção não se faz nem por
pacotes de quantidade nem com meros números políticos.
O Sr. Luís Menezes (PSD): — Muito bem!
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Vejamos: propõe hoje o Partido Socialista alterações à Lei de Acesso
aos Documentos Administrativos, mas, na verdade, apresenta uma lei nova.