3 DE JULHO DE 2014
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Décimo, simbolicamente, ou talvez não, porque se traduz imediatamente na vida prática das pessoas e das
suas expetativas, há um tempo, por cada empresa que nascia em Portugal duas desapareciam e, hoje, por
cada empresa que desaparece nascem mais de duas novas empresas no nosso País.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Vice-Primeiro-Ministro: — Quer isto dizer que a situação económica é ideal ou sequer boa? Não!
Quero apenas dizer, e já não é pouco reconhecer, que a economia portuguesa beneficiou das reformas feitas,
recuperou a confiança e caminhou para melhor.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
E na leitura dos números, também há uma diferença que causa perplexidade: quando Portugal vivia os
anos de chumbo do resgate, nunca negámos os factos dolorosos da recessão; agora, que a economia
portuguesa sensivelmente melhora, espanta que em alguns partidos da oposição o que esteja a dar é negar os
factos do crescimento.
Tão bizarro seria ter um Executivo que imitasse a avestruz — e não o fizemos, mesmo quando tudo parecia
impossível —, como ter, e infelizmente temos, uma oposição que recorre apressadamente a uma teoria
conspirativa para cada facto que a surpreende ou que a questione.
Se o desemprego sobe, é o patrão que despede, mas, se o desemprego desce, é a emigração que
floresce; se os juros descem, a virtude é da Europa, mas, se os juros sobem, a culpa é do Governo; se a
economia retrocede são as reformas que não resultam, mas, se a economia anima, a proeza é da
Constituição; se as exportações pulam, são os combustíveis, mas se contraem é porque atingiram o seu limite.
Nesta parafernália argumentativa, algo deslocada da mais sucinta consistência, só falta dizer que os
turistas que maciçamente escolhem Portugal como destino vêm para cá porque vêm manifestar-se contra o
Governo.
Risos e aplausos do PSD e do CDS-PP.
Reconheçamos o óbvio: melhorámos enquanto economia, mas precisamos de melhorar mais se sonhamos
com um Portugal que seja visto, vivido e sentido como uma sociedade de oportunidades.
Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Creio também ser razoável afirmar que, do ponto de vista social, há
mais razões para ter um módico de esperança agora. Uma esperança baseada no que é possível fazer e não
no que é fácil prometer; uma esperança fundada no que é equilibrado e não no que é utópico; uma esperança
que a um tempo prova que os cortes não eram permanentes e a outro tempo preservam a estabilidade
orçamental, não pondo em risco a súbita vertigem de que seria possível voltar a 2010 e, logo de uma
assentada só, aquilo que Portugal já conseguiu.
Vozes do PSD e do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Vice-Primeiro-Ministro: — Vejam o primeiro exemplo: sim, é possível melhorar o salário mínimo
nacional numa negociação equilibrada que não deixe de atender também às questões da produtividade. Há
um ano não era possível, desde logo porque o Memorando da troica o impedia.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Agora o Governo não deixa!
O Sr. Vice-Primeiro-Ministro: — Alguém pode dizer que nada mudará?
Concentremo-nos no segundo exemplo: sim, é possível recuperar substancialmente o rendimento dos
pensionistas que pagam CES (contribuição extraordinária de solidariedade). Este Governo descongelou as
pensões mínimas, garante uma isenção até 1000 €, o que beneficia 86% dos pensionistas, e propõe uma
redução das contribuições que significa realmente uma devolução de poder de compra especialmente
favorável à classe média dos aposentados.