9 DE JULHO DE 2014
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O inquérito divulgado este ano pela Agência dos Direitos Fundamentais da União Europeia veio revelar que
Portugal se encontra entre os 10 países da União Europeia em que a situação da violência sobre as mulheres
é menos severa.
As mulheres portuguesas são das que mais recorrem aos serviços de saúde e às forças de segurança, na
sequência de atos de violência doméstica.
São também as mulheres portuguesas aquelas que mais memória têm de terem visualizado campanhas
contra a violência doméstica e mais conhecimento têm dos serviços e estruturas de apoio. Mas esses são
estudos que não interessam a toda a gente citar, não interessam, sobretudo, a quem estiver apostado apenas
em depreciar o esforço dos outros.
Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Quando se desvaloriza o trabalho feito na prevenção e no combate
à violência doméstica não é o trabalho do Governo que sai desvalorizado, é o trabalho de um país inteiro,
desmotivam-se milhares de agentes das forças de segurança, magistrados, técnicos da segurança social, da
educação e da saúde, para além das próprias IPSS e organizações não governamentais envolvidas neste
esforço.
Neste modelo escolhido pelo Bloco de Esquerda para este debate, tem este a possibilidade de abrir e de
encerrar o debate e tem, portanto, também a oportunidade de esclarecer o Parlamento e o Governo sobre qual
o caminho que pretende seguir. Isto é, se pretende seguir o caminho do debate sério assente em números
rigorosos numa atitude construtiva, como até hoje tinha sido possível cultivar, se o da politização da matéria da
defesa dos direitos humanos que, podendo parecer que ganha vantagem, na verdade, se perde.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Filipe
Soares.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr. Presidente, Sr.ª Secretária de Estado, Srs. Secretários de Estado,
Sr.as
e Srs. Deputados: Ao longo deste debate, ficou clara a motivação que tivemos para marcar para este
momento este debate. A motivação clara tem a ver com o não esquecer as 21 mulheres que este ano
morreram à mão dos seus companheiros. Iniciaram uma vida de amor, tiveram um fim de horror e é por elas e
para elas que nós tivemos este debate.
Não esquecemos também todas e todos aqueles que, no terreno, combatem a violência de género e,
particularmente, a violência doméstica. As associações, as forças de segurança, as autarquias, os serviços de
saúde e todas e todos os agentes políticos. Não esquecemos que esta tem de ser uma motivação nacional e
que é de todos e de todas a responsabilidade para mudar esta triste realidade.
Vozes do BE: — Muito bem!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Era bom que um tema com esta importância, com este passado de
consenso nesta Assembleia e no País, tivesse merecido um debate mais elevado e por isso não posso, neste
momento, cumprimentar nem o Governo, nem as bancadas da maioria pela sua participação neste debate.
A Sr.ª Elza Pais (PS): — Muito bem!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Infelizmente, quando pretendíamos seriedade, tivemos demagogia por
parte da maioria e por parte do Governo.
Aplausos do BE e da Deputada do BE Elza Pais.
A serenidade que este debate merecia teve da parte do Governo uma postura de uma Secretária de Estado
acossada, magoada, pura e simplesmente porque se debate este tema.
Vozes do PSD: — Ah!