9 DE JULHO DE 2014
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A Sr.ª Secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade: — Sr. Presidente, na primeira
ronda de perguntas o tempo não foi suficiente para responder a todas as questões deixadas pelas Sr.as
Deputadas, portanto, com a sua permissão, começo por responder-lhes muito telegraficamente.
Sr.ª Deputada Elza Pais, os grupos de ajuda mútua existem e alguns deles, aliás, são apoiados por
projetos do POPH (Programa Operacional Potencial Humano) e com a participação direta de organizações
não governamentais.
Pergunto à Mesa se é possível entregar à Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, que entretanto teve de sair — e
peço desculpa à Sr.ª Deputada por só agora poder responder —, documentação relativa a uma das
preocupações que aqui manifestou quanto ao investimento na área da educação.
Disse sempre que esta era a matéria em que o País mais tinha falhado no passado, em que menos tinha
investido e, de uma forma coerente com esta afirmação, o novo Plano Nacional contra a Violência Doméstica e
de Género aumenta o número de medidas previstas relativamente à área da educação. Como tal, peço que
seja distribuída a lista das medidas que constam desse Plano, bem como a lista de atividades desenvolvidas
pela Direção-Geral de Educação no âmbito da violência na escola, da violência no namoro e do bullying.
Isto serve também para responder à Sr.ª Deputada Mariana Mortágua dizendo que concordo com muitas
observações que fez e que a questão da violência no namoro está identificada há muito tempo, pois há
centenas de iniciativas nas escolas relativamente a essa matéria. Aliás, há projetos que são desenvolvidos
pelo Instituto Português do Desperto e da Juventude sobre o tema e que têm sido multiplicados ao longo dos
anos por muitas escolas.
Nesta listagem, constam, precisamente, as ações relativas aos projetos de sensibilização sobre a violência
no namoro que mostram que a escola não está parada, pelo contrário, Sr.ª Deputada. Há muita atividade
escolar à volta destes temas.
Estes temas, em muitos casos, são escolhidos por projetos de escola. Há muitas ações em curso e há
medidas novas que estão a ser implementadas com a responsabilidade direta do Ministério da Educação e o
seu envolvimento. Por falta de tempo, dou o exemplo de apenas uma medida mas, consultando o plano
nacional, elas estão lá todas, que é a elaboração do primeiro guião sobre violência doméstica e de género
para formação do pessoal docente, de modo a organizar ações de formação e conferir as matérias
disponíveis.
Os guiões para a educação, género e cidadania, que vinham sendo produzidos e que se concluíram com o
guião para o ensino secundário, não previam a matéria da violência doméstica e de género e esta matéria está
agora a ser objeto de guiões específicos para que as escolas tenham novos materiais relativamente a esta
matéria.
Sr. Presidente, sendo assim, peço à Mesa o favor de fazer chegar à Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia esta
documentação.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Será distribuída.
A Sr.ª Secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade: — Muito obrigada.
A Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia também colocou uma questão à qual não respondi na altura por falta de
tempo, que tem a ver com a necessidade da criação de condições que facilitem a autonomização das vítimas
e as libertem da dependência económica.
Não podemos estar mais de acordo. Por isso é que se criou uma orientação no Instituto de Emprego e
Formação Profissional onde, desde abril de 2012, as mulheres vítimas de violência doméstica têm
atendimento prioritário e reservado nos centros de emprego e formação profissional e estão a ter acesso a
programas de formação e a postos de trabalho com mais facilidade do que tinham no passado.
Também é precisamente por isso que as casas-abrigo receberam uma verba de 530 000 €, da qual ainda
só gastaram 200 000 €. Não há, Sr.as
e Srs. Deputados, nenhuma falta de meios nesta área, o financiamento a
partir das verbas de jogos sociais tem reforçado estes apoios que, em alguns casos, até agora nem sequer
têm sido gastos na totalidade — aliás, eu disse isso na comissão parlamentar há poucos dias.
A verba destinada à autonomização tem sido utilizada para que, no momento da saída das casas-abrigo,
essas mulheres tenham condições de pagar as primeiras rendas, de mobilar a sua casa, de pagar as
despesas escolares dos seus filhos e de arrancar para uma vida autónoma sem dependência do seu agressor.